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A «escuta dos jovens está a mudar o rosto da Igreja»
26.10.2018
O secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Pe. Alexandre Awi Mello, considera que a herança deste Sínodo é a de ter posto a Igreja «em escuta dos jovens». «Não são apenas os resultados para a Pastoral Juvenil, que certamente darão muitos resultados. Mas os jovens, com a sua maneira de ser, obrigaram a Igreja a colocar-se em escuta, e colocar-se nessa atitude que chamamos de sinodal», considera, em declarações para a Família Cristã à margem do Sínodo que decorre até ao final desta semana no Vaticano.


O sacerdote brasileiro está muito satisfeito com o decorrer dos trabalhos, e elogia a preparação do Sínodo. «O processo do Sínodo ajudou a que os jovens estivessem muito presentes. Isso preparou de uma maneira única, certamente diferente dos outros sínodos. Dar a palavra aos jovens foi muito importante, e os padres sinodais chegaram já a saber o que os jovens pensavam», porque o Instrumentum Laboris continha muitas das opiniões dos jovens que se reuniram em março na reunião pré-sinodal e as respostas ao questionário online.
 
A presença dos jovens «já estava preparada» porque, diz o Pe. Alexandre, a nova constituição apostólica do Papa vem mostrar que «o Sínodo não é um evento, é um processo, que já começou antes».
 
O secretário do Dicastério que mais é tocado por este Sínodo afirma que, nestes dias, os jovens «tiveram uma abertura muito grande dos bispos para os ouvir». «Os mais aplaudidos foram sempre os jovens. Nos grupos eles participaram ativamente, tiveram a possibilidade de intervir como qualquer um dos padres sinodais, e isso marcou uma presença muito significativa», o que leva o sacerdote a uma conclusão. «O facto da Igreja se ter colocado em escuta dos jovens está a mudar o rosto da Igreja, e eu espero que isso seja uma herança que vai ficar depois desse sínodo», afirma, esperando que esta mudança seja uma realidade no documento final que será votado amanhã, sábado.

 
No que diz respeito à possibilidade de haver um “observatório” da juventude no Dicastério, proposta avançada pelo grupo de língua portuguesa no Sínodo, o Pe. Alexandre Awi Mello prefere esperar pelo final, embora deixe algumas ideias. «A ideia de ter uma representação de jovens mais diretamente ligada ao Dicastério parece-me excelente, uma coisa muito boa, que de alguma maneira existia nos Fóruns internacionais que aconteciam a cada 3, 4 anos, às vezes relacionados com a JMJ, mas que nos últimos anos não se têm feito. Acho que isso poderia ser um impulso do Sínodo», diz.
 
No entanto, deixa o aviso à navegação. «O Sínodo tem de acontecer nas bases, porque ali é onde estão os jovens, e ali é que eles precisam de ser acompanhados. O lugar onde tem de acontecer esse acompanhamento concreto dos jovens é nos movimentos, nas associações, na pastoral juvenil, e deve haver estruturas nas dioceses e a nível nacional, no Brasil nós temos, que ajude a reunir todas as forças que trabalham com a juventude», afirma, acrescentando que «o trabalho da Cúria Romana, isso já aprendi no pouco mais de um ano que estou aqui, tem de ser subsidiário». «Nós não podemos daqui dar ordens para ninguém (risos). O nosso trabalho é de apoio às Conferências Episcopais, e apoio à Pastoral Juvenil», sustenta, embora acrescente que há disponibilidade para dar todo o apoio. «Da nossa parte, o que estiver ao nosso alcance fazer, desde que seja vontade do Santo Padre, obviamente, não só do Sínodo, estamos à disposição para fazer», conclui.
 
Hoje é um dia de pausa nos trabalhos do Sínodo, uma vez que já foram apresentadas as propostas de emendas e alterações ao Documento Final e a equipa de redatores está a elaborar a proposta final do documento que será votado amanhã, sábado, e apresentado ao final do dia, quando terminarem os trabalhos do Sínodo.
 
À tarde, serão eleitos os membros que irão conduzir a realização dos próximos sínodos.


 
A reportagem no Sínodo dos Bispos é realizada em parceria para a Família Cristã, Agência Ecclesia, Flor de Lis, Rádio Renascença e Voz da Verdade, com o apoio da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
 
Texto e fotos: Ricardo Perna
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