O Papa Francisco dedicou a sua audiência geral desta quarta-feira à interpretação da parábola do fariseu e do publicano. Um reza «a si mesmo», numa ação egoísta e vazia, enquanto o outro, humildemente, invoca piedade por saber-se pecador. «Não basta, portanto, que nos perguntemos quanto rezamos. Devemos também questionar-nos sobre como rezamos, ou melhor, como está o nosso coração», afirmou o Papa, para lançar de seguida uma pergunta: «Eu pergunto: é possível rezar com arrogância? Não! É possível rezar com hipocrisia? Não! Devemos rezar diante de Deus como nós somos!», disse Francisco.
Francisco disse aos fiéis que encheram a Praça de S. Pedro que, «apresentando-se de “mãos vazias”, com o coração desnudado e reconhecendo-se pecador, o publicano mostra-nos a todos a condição necessária para receber o perdão do Senhor». «A humildade é a condição necessária para sermos exaltados pelo Senhor, de modo a experimentar a misericórdia que vem preencher o nosso vazio. Se a oração do soberbo não chega ao coração de Deus, a humildade do miserável abre-o de par em par», afirmou o Santo Padre, que acrescentou uma «fraqueza» de Deus «pelos humildes». «Diante de um coração humilde, Deus abre o Seu coração totalmente».
Um dos elementos essenciais à oração é a paz interior, algo cada vez mais difícil de se alcançar num mundo tomado pelo frenesim que, com frequência, nos confunde. «É preciso aprender a reencontrar o caminho ao nosso coração, recuperar o valor da intimidade e do silêncio, porque é ali que Deus nos encontra e nos fala», advertiu o Papa.
O fariseu foi ao templo seguro de si, mas não percebe que esqueceu o caminho do seu coração. O publicano, por sua vez, apresenta-se no templo com humildade e arrependimento e reza: «Oh Deus, tende piedade de mim, pecador». «Nada mais», enfatizou o Papa. «Que bela oração! Digamos três vezes, todos juntos: “Oh Deus, tende piedade de mim, pecador”».
Nas saudações finais, o Papa referiu-se diretamente aos peregrinos portugueses ali presentes. «A todos recordo que a oração abre a porta da nossa vida a Deus. Ele ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro dos outros que vivem na provação, levando-lhes consolação, luz e esperança. Sobre vós e vossas famílias, desça a bênção do Senhor».
Texto: Ricardo Perna
Foto: Catholic Press Photo
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