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Agenda para a paz é central para Guterres
01.01.2017
António Guterres assume o cargo de secretário-geral das Nações Unidas com o novo ano de 2017. Quando fez o juramento, em 12 de dezembro, destacou os problemas atuais que mais o preocupam: «o crime organizado que aumentou com a globalização», o tráfico humano «e os votantes pelo Mundo, que recusam e dizem não aos referendos, desrespeitam os governantes». O antigo primeiro-ministro português sublinhou que «o medo está a guiar as decisões de muitos pelo mundo», mas deixou a garantia de que a Organização das Nações Unidas não esquecerá os seus valores. «É altura de as Nações Unidas reconhecerem as suas limitações e reformarem a sua ação. A Organização nasceu da guerra, e hoje temos que estar aqui pela paz.»

Foto: Presidência da República/Miguel Figueiredo Lopes
Síria no topo das preocupações
Inicia funções no dia mundial da paz e num momento em que há vários conflitos em todo o mundo. Em entrevista à televisão SIC, António Guterres destacou a situação que se vive na Síria. Usou palavras fortes dizendo que se está perante «um cancro à escala global». O novo secretário-geral das Nações Unidas explica: «Não é só o sofrimento do povo sírio – esse é absolutamente horrendo –, é o impacto extremamente negativo para a estabilidade regional que o conflito tem no desencadear de reações de agressividade e reações violentas. Tudo isto se transformou numa ameaça global que neste momento deveria fazer os principais atores com influência no conflito compreender que o que têm a ganhar ou perder no próprio conflito é hoje menos do que têm a perder de certeza em relação a esta evolução que descrevi.»

As relações com a nova administração norte-americana podem ser complicadas nomeadamente nas questões relacionadas com alterações climáticas e relações entre os Estados Unidos da América e Rússia. Na entrevista à SIC, Guterres disse esperar ter uma boa relação com o novo presidente norte-americano. «Seguramente terei o maior interesse em visitar Trump logo que isso seja possível. Há uma questão decisiva: estabelecer um diálogo construtivo com a nova administração americana e trabalhar com ela de uma forma positiva. Tudo farei para que assim aconteça», garantiu.

Foto: Presidência da República/Miguel Figueiredo Lopes

Guterres quer aliança global de direitos humanos

Quando recebeu o Prémio Direitos Humanos da Assembleia da República, no dia 22 de dezembro, em Lisboa, o antigo primeiro-ministro disse que «a agenda dos direitos humanos está em regressão» e defendeu que há «situações gritantes, com crimes de guerra que se multiplicam, com sofrimento indescritível, violação de direitos humanos em toda a parte do mundo e até violações do direito internacional dos refugiados». O antigo alto-comissário das Nações Unidas para os refugiados defendeu que «é preciso fazer uma aliança à escala global, repondo a agenda dos direitos humanos e restabelecer a proteção dos refugiados». Perante o Presidente da República e o primeiro-ministro, António Guterres afirmou que Portugal pode dinamizar iniciativas nesse sentido e elogiou a forma como o país tem acolhido refugiados.

Foto: ACNUR
António Guterres, nasceu em 30 de abril de 1949, em Lisboa. Formou-se no Instituto Superior Técnico com média de 19 valores. Católico assumido, tem em Vítor Melícias o confessor e amigo de toda a vida. É abertamente contra o aborto. Um homem dedicado às causas sociais, ficou conhecido por sempre ser defensor da via do diálogo, o que irritou muito os seus colegas de partido. Em 1991, fez parte da equipa fundadora do Conselho Português para os Refugiados. Ainda hoje mantém ligação com a instituição, que visita frequentemente e a quem doou o valor dos 25 mil euros do Prémio Direitos Humanos 2016 da Assembleia da República.

Foi primeiro-ministro de Portugal até 2001, altura em que se demitiu depois de uma derrota nas eleições autárquicas. Durante os seus mandatos, empenhou-se fortemente nos contactos internacionais para resolver a crise de Timor-Leste. Também foi durante a Presidência Portuguesa da União Europeia que foi aprovada a chamada "Agenda de Lisboa". Politicamente, foi também presidente da Internacional Socialista. Depois de deixar de ser chefe do governo, tornou-se Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados em 15 de junho de 2005. 

A ONU foi criada depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando 51 Estados se juntaram para criar o documento fundacional. O objetivo era o diálogo internacional para evitar nova guerra. Atualmente, são 193 os Estados membros.
Texto: Cláudia Sebastião
Fotos: Presidência da República/Miguel Figueiredo Lopes e ACNUR
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