D. Jorge Ortiga, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, encerrou hoje o XXX Encontro Nacional da Pastoral Social, que juntou cerca de 300 agentes da pasoral social em Fátima com um apelo à ação.
Depois da ultima conferência, proferida por Thomas Stelzer, embaixador da Áustria em Portugal e antigo secretário-geral adjunto das Nações Unidas, que traçou um quadro negro do panorama atual mundial, afirmando que, «pela primeira vez na história do mundo, a próxima geração não vai ter uma vida melhor que a nossa, porque nós estamos a gastar todos os recursos que seriam deles», o arcebispo de Braga afirmou que espera que este Ano da Misericórdia seja um «alerta para um estilo novo de agir nas comunidades e nas pessoas». «Os cristãos conscientes e as comunidades cristãs deveriam crescer ao ritmo das exigências da misericórdia vivida no espiritual. A sociedade doente encontraria uma nova alma se a Igreja, nos crentes, lhes oferecesse este testemunho», disse aos participantes no seu discurso.
O Encontro esteve a discutir a encíclica do Papa Laudato Si, no âmbito do Ano da Misericórdia, sobre o cuidado da casa comum. Nos diferentes painéis de oradores, foram debatidos temas como o cuidar do outro, os novos estilos de vida propostos pelo Papa e as Obras de Misericórdia. «Cuidar do criado pode ser uma décima quinta, e décima sexta, Obra de Misericórdia, mas queria vê-la como uma síntese que, vivida, nos assegura que todas as outras 14 estão cumpridas», disse o arcebispo de Braga, no encerramento dos trabalhos.
Uma das conclusões que D. Jorge Ortiga destaca destes três dias de encontro é a necessidade de «restituir à terra a beleza de que Deus a dotou». «A Igreja terá de colocar na sua missão este compromisso. Existem muitos pecados, mas este é dos mais graves. E este trabalho de respeito pela natureza deve entrar nos programas da catequese, nos esquemas das homílias, nos itinerários pedagógicos das reuniões dos grupos», defendeu.
Depois, é preciso defender a ecologia humana «no sentido rigoroso da Palavra». A Igreja é «um corpo a agir em diversos locais e com carismas diferentes, mas obcecados pelo bem comum de todos. Isto anima e dá coragem, pois verificamos que somos muitos nesta batalha pela dignidade humana», considerou.
Neste sentido, D. Jorge Ortiga elogiou a criação, pelo Papa, do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e, apesar de este organismo apenas entrar em funções efetivas a partir de dia 1 de janeiro do próximo ano, sugeriu que a pastoral social da igreja portuguesa tomasse já como suas as orientações que foram indicadas para este organismo, para «darmos um alento especial à promoção humana integral através da diversidade de cada um, mas no valor maior da unidade entre todos». «Teremos de ultrapassar visões restritivas do nosso agir e mostrar que vale mais este testemunho colegial que muitas iniciativas isoladas e perdidas em contextos que só dispersam energias», concluiu, pedindo que «não permitamos que esta semana tenha sido apenas um conjunto de belas afirmações». «Só o agir em unidade nos interessa», avisou.
Texto e Fotos: Ricardo Perna
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