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​Ano da Família «nunca mais acaba»
22.06.2022
D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa, considera que o Ano da Família Amoris Laetitia, que agora chega ao fim, «nunca mais acaba». «Tudo o que há a fazer em termos de acompanhamento da proposta matrimonial cristã requer uma formação permanente, no sentido de reforçar uma realidade que para nós é importantíssima – não é por acaso que nos Evangelhos sinóticos há várias citações de Jesus a este propósito – e é preciso levar isto a sério», afirmou o prelado em Roma, à saída da Audiência Geral com o Papa Francisco, onde esteve com um grupo de sacerdotes do Patriarcado de Lisboa.

 
O Cardeal-Patriarca de Lisboa esteve presente nos Sínodos sobre a Família, dos quais resultou a exortação Amoris laetitia há cinco anos, e cujo ano dedicado a ela termina agora, com a realização do X Encontro Mundial das Famílias. «A pandemia não possibilita uma grande concentração, como era noutras alturas. Assim, faz-se em Roma e faz-se em todas as dioceses. Com os meios de comunicação que temos, podemos estar nos dois sítios ao mesmo tempo, e vai ser bom», assegura.
 
O Cardeal-Patriarca destaca a importância da preparação para o matrimónio e a publicação do novo itinerário para a preparação do matrimónio que o Dicastério dos Leigos, Família e Vida publicou recentemente, e refere que seria bom, «a bem dos casais», que a preparação fosse mais uniformizada e trabalhada em todo o país. «É muito importante que os casais que se querem casar sacramentalmente e fazer um matrimónio cristão saibam o que isso é, e às vezes têm uma preparação muito pequena. Tiveram catequese em pequenos, mas depois a prática foi ou não foi o que devia ser, e têm gosto em celebrar o sacramento, mas não estão muito certos do que isso seja, e também lhes devemos essa verdade, para que eles possam crescer nela», sustentou.


 
«Falámos com o Santo Padre sobre a JMJ»
No final da Audiência, o grupo de sacerdotes teve oportunidade de, com o Cardeal-Patriarca, saudar pessoalmente o Papa Francisco. «Foi um encontro bonito, tivemos ocasião de estar com o Santo Padre, de ouvir as palavras dele, que são sempre muito sugestivas e muito importantes para a nossa vida sacerdotal, e vamos daqui com a alma cheia», refere o prelado, acrescentando que «também falámos da Jornada Mundial de Juventude» com o Papa Francisco, que «nos dá um belo impulso para aquilo que temos de fazer».
 
Na audiência, o Papa continuou as suas catequeses sobre a velhice, hoje com base no diálogo entre Jesus e Pedro, quando Jesus lembra a Pedro que, na sua velhice, não será tão autossuficiente como era naquela altura. «Na verdade, a velhice traz as marcas da fragilidade: começa-se a depender mais dos outros, até mesmo para se vestir e caminhar. São circunstâncias novas que dão à vivência da fé as feições da debilidade», considera o Papa.
 
Para o Papa, um dos desafios de quem passa pela velhice é «aprender da nossa fragilidade a expressar a consistência do nosso testemunho de vida nas condições de uma vida amplamente confiada a outros, em grande parte dependente da iniciativa de outros». «Será que dispomos de uma espiritualidade realmente capaz de interpretar a estação – já longa e generalizada - deste tempo da nossa fraqueza confiada a outros, mais do que ao poder da nossa autonomia?», questiona.

 
Francisco insistiu na importância de jovens e idosos caminharem juntos, sem ciúmes da importância que cada um tem ou deixou de ter. «Os idosos não deverão ter inveja dos jovens que percorrem o seu caminho, que ocupam o seu lugar, que lhes sobrevivem. A parte melhor da vida dos idosos, que nunca mais lhes será tirada, há de ser este seguimento forçadamente inativo, mas feito de comovida contemplação e extasiada escuta da Palavra do Senhor», considerou o Papa.

Aos peregrinos e fiéis presentes na última audiência semanal antes da pausa festiva de julho, o Papa também manifestou “dor e consternação” pelo assassinato de dois religiosos jesuítas e de um leigo, na segunda-feira, no México. «Quantos assassinatos no México! Estou próximo com afeto e oração à comunidade católica afetada por esta tragédia. Mais uma vez repito: a violência não resolve problemas, mas aumenta o sofrimento desnecessário», disse o primeiro Papa jesuíta da Igreja.

O portal ‘Ponto SJ’, da Companhia de Jesus em Portugal, informa que os dois jesuítas mexicanos – o padre Javier Campos, de 79 anos, e o padre Joaquín Mora, de 78 anos – foram assassinados em Cerocahui (Tarahumara) quando estavam a dar apoio a um homem que se tinha refugiado numa paróquia dos Jesuítas porque estava a ser perseguido por um homem armado.

Francisco recordou também a guerra na Ucrânia, pedindo que o «sofrimento» desse «povo maltratado» não seja esquecido, como afirmou no domingo, na oração do Angelus. «As crianças que estavam comigo no papamóvel eram crianças ucranianas: não esqueçamos a Ucrânia. Não percamos a memória do sofrimento daquele povo maltratado», disse o Papa aos fiéis e peregrinos.

O Vaticano informa que as crianças ucranianas, que entraram no carro do Papa que percorreu a Praça de São Pedro, continuam os seus estudos numa escola primária Alberto Cadlolo, em Roma.
 
A reportagem em Roma no X Encontro Mundial das Famílias é fruto de uma parceria estabelecida entre a Agência Ecclesia, a Família Cristã, o Diário do Minho e a Associação de Imprensa de Inspiração Cristã.
 
Texto e Fotos: Ricardo Perna
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