Já foram escolhidos os santos patronos para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que irá decorrer no próximo ano em Lisboa. São 13, desde os mais universais, como João Paulo II, até aos mais locais, como S. João de Brito ou Santa Joana Princesa. Fique a conhecer melhor cada um dos que foram anunciados hoje pelo Comité Organizador Local (COL) da JMJ.
Cerca de 15 meses antes da realização do evento, que terá lugar em Portugal na primeira semana de agosto de 2023, o COL anunciou aqueles que serão os santos patronos desta JMJ. Desde já, os nomes que compõem o elenco de patronos podem ser divididos em algumas categorias, que passamos a apresentar com a ajuda de D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, e autor do prefácio da obra «Patronos da JMJ Lisboa 2023», uma edição conjunta da PAULUS Editora e da Paulinas Editora que estará à venda em todas as livrarias a partir de amanhã, dia 19 de maio.
Desde logo, os mais universais são a
Virgem Maria, que até dá o mote para o tema desta JMJ, “levantou-se e partiu apressadamente”, também ela uma jovem quando aceitou a terrível e fascinante missão de ser mãe do Filho de Deus, com tudo o que isso implicava, e que foi capaz deste Sim que a todos toca e influencia; e
S. João Paulo II, o Papa que pensou, idealizou e tornou reais estas JMJ, que começaram como um fenómeno local, em Roma, e depois se foram espalhando para todo o mundo com o impacto que hoje reconhecemos.
Depois destes dois nomes temos gente muito ligada à juventude. Desde logo,
S. João Bosco, que «S. João Paulo II declarou como “Pai e Mestre da Juventude”», conta D. Manuel Clemente na obra já citada, um santo que dedicou toda a sua vida à juventude e ao trabalho com os jovens, tendo inclusive fundado a congregação dos Salesianos, que ainda hoje é reconhecida como tendo um impacto muito grande na vida de milhares de jovens não apenas em Portugal, mas em todo o mundo.
Embora os processos de canonização ainda não tenham sido concluídos, Pedro Jorge Frassati, Marcel Callo, Chiara Badano e o recém-beato Carlo Acutis são quatro jovens que influenciam a juventude católica em várias áreas.
Pedro Jorge Frassati deixou um exemplo de serviço aos outros e de vigor físico, mesmo tendo falecido aos 24 anos, bem novo, de tal forma que João Paulo II o chamou de «o Homem das Oito Bem-Aventuranças», como refere D. Manuel Clemente no livro.
Já
Marcel Callo foi um jovem escuteiro francês que, em plena II Guerra Mundial, assumiu o compromisso de serviço ao próximo na sua maior expressão. Tendo sido forçado a partir para a Alemanha nazi, não deixa de pregar a sua fé e de ser exemplo para todos os que o rodeavam, o que tornou a sua morte, por doença e malnutrição, um exercício de entrega a Deus notável.
Chiara Badano faleceu ainda mais nova. Aos 18 anos, partiu para o Pai, depois de dois anos a lutar contra uma doença, e não sem antes deixar um rasto de santidade em todos quantos a conheceram, «irradiando sempre uma alegria luminosa que confirmou o nome de “Luce” que Chiara Lubich lhe dera», escreve D. Manuel Clemente. Membro do movimento dos Focolares, foi exemplo de fé e de entrega aos outros até que um tumor ósseo antecipou o fim da sua vida.
E chegamos a
Carlo Acutis, um dos mais recentes beatos jovens da Igreja. Falecido aos 15 anos com leucemia, «a sua curta vida foi preenchida com grande devoção mariana e eucarística, que a habilidade com o computador lhe permitiu difundir, mesmo durante a doença. Assim mesmo fez do seu sofrimento uma oferta e partiu feliz», escreve D. Manuel Clemente na apresentação da obra.
Depois, e porque a JMJ é em Lisboa, o COL decidiu que os santos e beatos da cidade deveriam também ser chamados a interceder pelos milhares de jovens que marcarão presença na JMJ. Por isso, também Santo António, São Vicente, São Bartolomeu dos Mártires, São João de Brito, Santa Joana Princesa, João Fernandes e Maria Clara do Menino Jesus foram escolhidos como patronos e modelos de vida para apresentar aos jovens.
Santo António, que é de Lisboa e não de Pádua, será com certeza o mais conhecido de todos. Nascido Fernando de Bulhões, uma família da pequena nobreza, entra aos 18 anos na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de S. Vicente de Fora. Quando tenta regressar a Portugal vindo do Norte de África, uma tempestade desvia-o para Itália, onde irá permanecer até morrer, em Arcella, perto de Pádua. Até lá, a sua oratória e pregação concedem-lhe notoriedade tal que nem apenas um ano passou entre a sua morte e a sua canonização, por causa da sua fama de santidade, milagres e pregações.
São Vicente, diácono e mártir do século IV, é o padroeiro da diocese e «a todos acolherá e reforçará com a sua caridade e testemunho evangélico», assegura D. Manuel Clemente, enquanto
São Bartolomeu dos Mártires, canonizado há cerca de dois anos pelo Papa Francisco através de uma canonização equipolente, foi um «pastor com cheiro de ovelhas», como pede hoje o Papa Francisco, mas era muito invulgar naquele tempo. Nunca quis ser bispo, e só aceitou deixar o convento de clausura porque o seu superior hierárquico o ordenou que assim fosse, tendo sido nomeado arcebispo no consistório de 1559.
Do mesmo período histórico,
S. João de Brito foi um missionário reconhecido pelo seu trabalho fora de Portugal, em particular na Índia. «Imparável no anúncio e nas viagens difíceis, vestindo e falando de modo a chegar a todos os grupos e classes, foi martirizado em Oriur, em 1693», apresenta o Cardeal-Patriarca de Lisboa.
Conhecida como
Santa Joana, sendo que é, oficialmente, apenas beata, esta jovem lisboeta passou grande parte da sua vida em Aveiro, onde é padroeira da cidade. A sua beleza cativou muitos pretendentes, mas o seu foco era a vida religiosa, e aos 19 anos entrou no convento das dominicanas, nunca tendo desistido da vida monástica e de clausura, apesar das várias tentativas de que assumisse o lugar na realeza que lhe era devido, num exemplo que impele a «escolhas radicais», considera D. Manuel Clemente.
João Fernandes é outro dos nomes. O jovem jesuíta tinha partido para uma missão no Brasil, quando a nau onde viajava foi capturada ao largo das Ilhas Canárias por piratas, que mataram todos os que se encontravam a bordo, o que lhes valeu uma beatificação como mártires que tinham dado a vida por Jesus Cristo.
Finalmente, e não necessariamente com menos importância, a JMJ escolheu como patrona a Beata
Maria Clara do Menino Jesus, fundadora das Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, uma jovem aristocrata nascida nos arredores da cidade de Lisboa. «Ficou órfã muito cedo, mas decidiu ser “mãe” dos desamparados. Numa altura em que tal era oficialmente proibido, conseguiu fundar uma congregação religiosa dedicada a essa causa. Até falecer, em 1899, ultrapassou todas as oposições, repetindo: “Onde é preciso fazer o bem, que se faça!”», escreve D. Manuel Clemente.
Não é ainda claro qual será a intervenção dos patronos durante a realização da JMJ, mas a certeza de que serão muitas vezes chamados em oração e por intercessão das mesmas é já uma realidade.
Para a JMJ Lisboa 2023, o Comité Organizador Local escolheu 13 patronos, mulheres, homens e jovens que «demonstraram que a vida de Cristo preenche e salva a juventude de sempre», afirmou a organização em comunicado enviado à FAMÍLIA CRISTÃ.
Texto: Ricardo Perna
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