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Assombrado, no bom sentido…
07.02.2022
A sabedoria popular costuma dizer: «Ano novo, vida nova». O início de 2022 foi, para mim, a concretização deste adágio. Em janeiro, assumi uma nova missão no Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa (SAER) do Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte (CHULN), como “capelão”, começando a colaborar com o Pe. Fernando Sampaio, que nesta edição nos escreve sobre Pastoral da Saúde. Concomitantemente, aceitei o desafio de assumir a direção da revista FAMÍLIA CRISTÃ.

Assim, em ambos os ambientes – quer no hospitalar, quer no da imprensa escrita –, apresento-me no meio de vós cheio de fraqueza, de receio e de grande temor, parafraseando o grande Apóstolo Paulo (cf. 1Cor 2,3).

Temor entendido como assombro. Foi assombrado que me senti ao entrar nos meandros da grande instituição que é o CHULN (que associa o Hospital de Santa Maria e o Hospital Pulido Valente). Ao percorrer os corredores e as enfermarias destes hospitais senti-me pequeno diante do trabalho e da dedicação de todos os que ali trabalham. Edifícios enormes, cheios de corredores labirínticos, calcorreados (com grande maestria) por vários “anónimos” (para a maioria de nós), que todos os dias servem os que mais necessitam! Homens e mulheres, na sua grande maioria, com um olhar que espelha o cansaço, reflexo de quem há vários meses trava uma guerra hercúlea, e, ainda assim, sem baixar os braços, porque a sociedade, agora, precisa de todos eles. De todos! Estonteado diante da imensidão e natureza desta instituição, a quem agradeço pelo serviço prestado, mas também pelo acolhimento que me foi feito. Obrigado.

Com o mesmo assombro me senti diante da nomeação para a direção desta grande revista. Também, aqui, me senti reduzido a nada, e incapaz em todos os sentidos, diante da grandeza e missão da FAMÍLIA CRISTÃ. Uma revista com um vasto e muito rico percurso. Centenas, e talvez milhares, de páginas que não traduzem todo o trabalho, esforço e dedicação de quem os escreve. Escreve como missão. Escreve em fidelidade a todos os leitores que amável e generosamente leem a FAMÍLIA CRISTÃ. Muitas dezenas, ao longo destes muitos anos, de histórias contadas com uma perspetiva cristã ao serviço da cultura e formação da instituição família. Um trabalho incrível e notável que me antecede e transcende…

Jamais será mensurável o impacto desta rica história na vida de todos os seus leitores. Mas, ainda que tivesse tido apenas impacto na vida dez pessoas, teria valido a pena. Dez também foram os que Abraão evocou ao Senhor, pedindo que, por eles, não destruísse a cidade de Sodoma (cf. Gn 18,23-33). Neste episódio bíblico, o poder de intercessão de Abraão e a justiça divina são evocados para nos recordar que naquilo que se refere à vida humana a qualidade precede a quantidade. A qualidade da FAMÍLIA CRISTÃ é inquestionável, não apenas pela fidelidade dos seus leitores como pelo diligente trabalho de todos os seus colaboradores. Diante desta marca de qualidade, no panorama português, eu sinto-me assombrado.

Assombrado ao ponto de apenas confiar na ação do Espírito Santo e na benevolência de todos aqueles que comigo se irão cruzar, tanto nos corredores do CHULN como através da mediação da revista impressa. Resta-me, por isso agradecer. Agradecer, em primeiro lugar, ao Pe. José Carlos Nunes, meu ilustre antecessor, pelo extraordinário legado que me deixou. Agradecer também o trabalho do Pe. Agostinho Correia de França, também ele antigo diretor desta revista, pela marca notável que imprimiu na revista. Ele que, agora, do céu intercede por nós. Agradecer, ainda, à atual direção da PAULUS Editora, que me confiou este projeto. E, por último, mas não menos importante, agradecer a todos vós, leitores e colaboradores, da FAMÍLIA CRISTÃ, que sois, para mim, a maior novidade da REVISTA.