Em Fátima, vivem, de acordo com o Censos de 2011, 11 539 pessoas, 3 993 famílias. Pessoas que, por estes dias, veem a cidade encher-se de peregrinos, agentes da GNR e muitos outros trabalhadores e visitantes. Mas como vivem estes dias os habitantes de sempre de Fátima?
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Paula Pereira vive em Fátima e trabalha em Leiria. A sua casa fica a dez minutos a pé do Santuário de Fátima. Até agora, não tem tido problemas em circular de carro e ir trabalhar. Fala com grande alegria e diz que a sua vida «não se perturbou muito» com o dispositivo policial reforçado nem com o aumento dos peregrinos. Paula diz que são «dias especiais». A sua preocupação sobre deslocações para o trabalho no dia 12 ficaram resolvidas com a tolerância de ponto dada pelo Governo.
Oferece a casa a amigos e familiares
Habitualmente, Paula vive sozinha. Mas no final da semana vai ter a casa cheia. «Vai ser um porto de abrigo. Quem não fica cá pode vir sempre beber um chá», conta a rir. Diz viver «dias de alegria e expectativa». A casa enche-se de amigos e familiares. «Vou ceder os meus quartos. As pessoas vão ficar e ter plena liberdade. Combinámos eu fazer o jantar, pequeno-almoço e almoço», explica. Mas desengane-se quem pensa que se trata de um serviço de hotel ou pensão. Aqui é tudo serviço e acolhimento. «Vamos aproveitar para estar juntos, para fazer ponto de encontro. Tento que se sintam acolhidos em minha casa», diz.
Quando perguntamos quantos são, a resposta sai com uma gargalhada: «Agora são para aí uns dez e outros já disseram que vão passar para tomar chá», como quem diz que podem ser mais. «Até o sofá vai estar ocupado. Vou dormir num colchonete.»
Apesar de ter a casa cheia, Paula diz que vai tentar estar nas cerimónias. «Não penso em entrar no Santuário. Espero sair à rua. Mas também com muita tranquilidade: se não conseguir, fico em casa a ver pela televisão e podemos abrir a porta da varanda e vemos o Santuário», revela, com sinceridade.
A trabalhar dia 12
Cândida Mendes é médica no Centro de Saúde de Fátima. Até agora o seu dia a dia não foi perturbado pela aproximação da data festiva. «A única coisa que perturbou um bocadinho foi porque nos tiraram o parque de estacionamento para a Proteção Civil. Ficamos com 15 lugares e somos 30», afirma. Por isso, ainda não sabe como fazer, quando no dia 12 for trabalhar. «Estou a tentar organizar-me. Não sei se vou deixar o carro num desses parques fora ou como vou fazer.»
Apesar da tolerância de ponto, esta médica de família vai trabalhar. «Já tinha consultas marcadas e os doentes querem vir à consulta, mesmo tendo de vir a pé», explica. Além disso, foi pedido ao Centro de Saúde que estivesse disponível para receber peregrinos. Na sexta-feira, 30 pessoas estarão a trabalhar. São administrativos, médicos e enfermeiros. «Vamos estar a trabalhar dentro do normal. Estamos disponíveis também para os peregrinos. Nos dias 13 e 14 costumamos estar fechados, mas foi-nos pedido que estivesse um elemento de cada equipa: administrativo, médico e enfermeiro», explica.
Cândida é católica e admite que gostaria de estar a ver as cerimónias. «Se conseguir ainda vou à sala de espera ver na televisão um bocadinho», confessa.