O Vaticano anunciou hoje, numa carta enviada a todas as famílias do mundo assinada pelo cardeal Angelo De Donatis, Vigário Geral da Diocese de Roma, que acolhe o evento, que «os Beatos esposos Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi serão os patronos do X Encontro Mundial das Famílias, que será realizado em Roma de 22 a 26 de junho de 2022». «A história de toda a família, que passou a maior parte da sua vida em Roma, aparece ainda hoje como um autêntico, credível e atual testemunho de amor conjugal. Seu casamento, celebrado a 25 de novembro de 1905 na Basílica de Santa Maria Maior, foi vivido em um constante caminho de crescimento espiritual», explica o cardeal na sua
carta.
O casal é o primeiro a ser beatificado na Igreja Católica, no ano de 2001, numa cerimónia que foi presidida por S: João Paulo II e presenciada pelos seus filhos, três deles ligados à vida religiosa e uma à vida de leiga consagrada.
Em conferência de imprensa, os responsáveis pelo evento apresentaram em linhas gerais o que irá acontecer neste evento que terá um formato original. Em Roma reunir-se-ão 2000 delegados de 120 países para um evento mais similar com o formato tradicional, embora Gabriella Gambino, subsecretária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida da Santa Sé tenha explicado que «não terá conferências académicas, mas antes oportunidades de encontros de escuta e partilha entre as diferentes delegações». Destes 2000, 75% serão famílias e apenas 25% bispos, sacerdotes e religiosos.
Depois, nos mesmos dias, decorrerá em cada diocese de todo o mundo um programa semelhante, com as mesmas temáticas, abertos às famílias. A organização providenciou um kit pastoral que pode ser descarregado no site, onde terão todas as instruções pra dinamizar o evento num formato mais local. «As famílias que não venham a Roma estão a ser incentivadas para que participem nesse formato», explicou Leonardo Nepi, responsável do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
Este mesmo responsável agradeceu o contributo que as conferências episcopais dos países mais ricos e a Diocese de Roma deram para o Fundo de solidariedade promovido pelo Dicastério e que permitirá que representantes de países mais carenciados, incluindo delegações das igrejas greco-católica e de rito latino da Ucrânia possam participar neste Encontro em Roma. «Esperamos que os delegados regressem enriquecidos para colocar em prática a sua missão pastoral», desejou.
Este ano, o Festival das Famílias vai servir para abrir o Encontro e não para a sua conclusão, como é habitual. Nesse dia, 22, o Santo Padre reunir-se-á com os participantes na Aula Paulo VI para um festival que contará com a participação de testemunhos de famílias de diferentes realidades e com a participação de artistas de renome, como os Il Volo, que «levarão as suas famílias, e vão descrever as suas experiências familiares», para além de atuarem no Festival.
Uma nota para a ausência de referências, quer no programa, quer na escolha das famílias que irão apresentar o seu testemunho junto do Papa Francisco no Festival das Famílias, a famílias de realidades irregulares, ou cuja integração passou a ser possível após a publicação da Amoris Laetitia. Questionada sobre isto na conferência de imprensa, Gabriella Gambino não respondeu diretamente à questão, mas reforçou que «o que propõe o Papa é promover, neste ano, uma aproximação pastoral de acompanhamento de todos». «É importante sublinhar isto, porque a conversão pastoral de que fala o Papa é própria de uma pastoral que acompanha todos com misericórdia», disse, embora sem responder se existirão testemunhos de casais homossexuais ou divorciados recasados, ou se esses temas farão parte das conferências ou painéis.
O programa tem início a dia 22 com o Festival das Famílias, ao qual se seguem dois dias de conferências e encontros. Na noite de dia 24, os delegados serão espalhados pela diocese de Roma, participando em animações promovidas pelas famílias nas paróquias. Dia 25 sábado, concluem-se as conferências e tem lugar a missa presidida pelo Papa Francisco. Dia 26 o Encontro tem o seu fim com a participação de todos na Oração do Angelus e respetivo envio das famílias na sua missão na pastoral familiar de cada país de onde são originários.
Texto: Ricardo Perna
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