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Bispos defendem que a sinodalidade «não pode acabar aqui»
22.10.2018
A necessidade de refletir sobre a melhor forma de tornar real e prático o Documento Final e a exortação que sair deste Sínodo dos Jovens deve levar as instâncias locais das igrejas, nomeadamente as dioceses, a pensar na possibilidade da realização de Sínodos locais, que deem seguimento a este «Sínodo universal».

 
A ideia é de D. Frank Caggiano, bispo de Bridgeport, nos Estados Unidos da América, e foi defendida esta tarde no briefing à imprensa que é feito diariamente na Sala de Imprensa do Vaticano. «Este exercício feito ao nível global deve ser feito ao nível local, com um processo sinodal. Não tenho outra hipótese a não ser juntar os jovens da minha diocese, para juntarmos as cabeças e vermos, juntos, como podemos trabalhar», reconheceu o prelado.
 
D. Frank Caggiano, bispo de Bridgeport, Estados Unidos da AméricaQuestionado pela Família Cristã sobre esta era uma opinião pessoal ou se refletia uma ideia partilhada por mais participantes, D. Caggiano reconheceu que a ideia de sinodalidade é um dos grandes «consensos» do Sínodo. «Esta é uma opinião pessoal, mas houve mais vozes a dizer isso, e há um entendimento entre todos de que a sinodalidade não acaba aqui, há necessidade de concretizar isso. Como cada um o fará pode ser diferente, eu vou no sentido de Sínodo, mas não quero anunciar nada aqui sem dizer primeiro à minha diocese», brincou.
 
Antes disso, o prelado tinha reconhecido a «grande esperança» que deposita nos trabalhos deste Sínodo. «Deixo este Sínodo com grande esperança. É um exercício eclesial para desbloquear o caminho para a Santidade», afirmou.
 
Jovens têm «uma voz que nos desperta»
Presente esteve também o Pe. Angel Fernandez Artime, superior geral dos Salesianos, congregação que trabalha muito com a juventude. «Gostei muito do sentido de universalidade. Já conhecia um pouco por causa dos capítulos gerais da minha congregação, mas o Sínodo é mais universal, e gostei muito dela», disse, avisando que é importante não cair no risco do eurocentrismo que, reconheceu, tem sido a marca de algumas das intervenções. «Em alguns, a visão era muito eurocêntrica e ocidental, e temos de superar este risco. A Igreja é de todas as cores, raças e línguas, e temos de a pensar universalmente. Penso que o Sínodo não irá cair neste problema», revelou.
 
Considerando que este Sínodo não pode «apenas de alguns jovens», o sacerdote pediu que não fossem esquecidos todos os que estão afastados, e que representam uma fatia bem significativa da totalidade dos jovens do mundo. Elogiou o «convite mútuo à conversão» que está a ser feito durante este Sínodo, lembrando que a Igreja e o mundo de hoje necessitam de «adultos capazes de testemunhar aquilo em que dizemos crer». «Somos fáceis nas palavras, mas custa-nos sermos credíveis, e isso é um dos grandes desafios do Sínodo», lembrou.

Pe. Angel Artime, dos Salesianos, e D. Paolo Bizzeti, bispo de Tabe, na Turquia 
Na opinião de D. Paolo Bizzeti, bispo de Tabe, na Turquia, estes dias de assembleia sinodal colocaram os participantes em contacto com realidades que desconheciam. «Tocámos problemas enormes, distintos e similares noutros casos, que nos puseram em contacto com a nossa humanidade e os seus dramas», afirmou, acrescentando que precisam de pedir «perdão» aos jovens. «Pedir perdão aos jovens, porque na sociedade de hoje enchemo-los de coisas desnecessárias e privámo-los das importantes».
 
Admitindo que a primeira impressão do Sínodo o estava a desanimar, por ver «toda a gente vestida com os paramentos, parecia mais uma oração litúrgica que um debate», o prelado considera que o ambiente cedo mostrou que estavam ali todos para trabalhar, até porque, questiona, «que organização mundial está tão em contacto com os problemas das pessoas como a Igreja Católica?»
 
A perspetiva eurocêntrica esteve também presente no seu discurso, pois indicou que estas novas perspetivas mostraram uma realidade que alguns não conheciam. «Como podemos falar de fé e discernimento, quando há milhões de jovens que não têm hipótese de escolher porque têm a sua vida definida aos 8 anos, ou têm de fugir dos seus países?», exemplificou.
 
Jovens iraquianos agradecem ao Papa
No dia 13 de outubro, na Casa de Santa Marta, o Papa Francisco recebeu o jovem iraquiano, Safa Al Abbia, auditor no Sínodo dos jovens. Safa tinha que voltar ao seu país, porque a sua mãe está muito doente, mas antes de partir quis agradecer e saudar o Papa.
 
Francisco concordou e, no final do encontro, ao desejar-lhe uma boa viagem, entregou-lhe um rosário para levar à sua mãe doente. Na ocasião, dirigiu algumas palavras de encorajamento a todos os jovens do Iraque, recomendando-lhes que sigam adiante sem se desencorajar, olhando com confiança para o futuro e confiando sempre no Senhor.
 
Logo que chegou ao seu país, noticia o site Vatican News, Safa Al Abbia divulgou a mensagem do Papa aos jovens da Igreja no Iraque. Então Safa teve a ideia de responder em várias línguas, através de um vídeo dirigido ao Santo Padre.
 
Juntamente com D. Shlemon Warduni, bispo auxiliar de Bagdade, e outros membros do clero local, os jovens agradecem e comprometem-se a rezar pelo Papa Francisco, garantem a sua unidade com toda a Igreja e, claro, convidam a que o Papa se junte a eles numa visita ao Iraque.




A reportagem do Sínodo dos Bispos é realizada em parceria para a Família Cristã, Agência Ecclesia, Flor de Lis, Rádio Renascença e Voz da Verdade.
 
Texto e fotos: Ricardo Perna
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