A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), reunida em Assembleia Plenária em Fátima, emitiu hoje uma nota sobre «celebrar e viver a fé em tempo de pandemia». No documento, tornado público um dia antes dos dois fins-de-semana de recolher obrigatório às tardes, os bispos pedem que todos «adotem comportamentos responsáveis nos mais diversos setores da sua vida e atividade e respeitem as determinações das autoridades constituídas, com o objetivo de travar e controlar a vaga de contágio», e começam por pedir que «após as celebrações litúrgicas mais festivas» se evitem «as concentrações fora das igrejas e nas próprias casas».

No domingo passado, os bispos tinham já emitido uma primeira reação às medidas de restrição da circulação, onde sugeriam que as dioceses vissem «o melhor modo de adaptar as suas celebrações vespertinas e outras atividades para outros horários», dando o exemplo de Setúbal, onde D. José Ornelas, que é também presidente da CEP, deu indicações de que, «onde for possível e conveniente, as missas vespertinas podem ter lugar também nos sábados de manhã».
Nesta nota, apesar de explicarem que as missas vespertinas de sábado não poderão passar para a manhã, «uma lei geral da Igreja que só pode ser alterada pela Sé Apostólica», e que parece ir contra esta primeira indicação, explicam aos fiéis que «a impossibilidade de cumprir o preceito dominical não dispensa ninguém de cumprir o mandamento divino de santificar o dia do Senhor» e dão exemplos de como esse preceito pode ser cumprido. «Isso pode fazer-se de múltiplas formas, vivendo na alegria espiritual o dia da ressurreição do Senhor Jesus: participar na Eucaristia no sábado ou noutro dia da semana; realizar com amor os serviços da convivência familiar, sem descurar o conveniente repouso do corpo e do espírito; dedicar um tempo razoável à oração pessoal e, se possível, em família, com a leitura da Sagrada Escritura e outros exercícios de piedade; unir-se espiritualmente, se possível, a alguma celebração eucarística transmitida pela rádio, televisão ou internet; estabelecer contacto, pelos meios disponíveis, com familiares, amigos e conhecidos, privilegiando os que mais sofrem a doença ou a solidão; estar solidariamente atentos às necessidades e alegrias dos vizinhos», pode ler-se na nota.
Sobre a catequese, que também fica afetada em parte por estas proibições, os bispos pedem aos catequistas que se mantenham em contacto com os seus grupos e que, «grupo por grupo, vão avaliando as possibilidades de lhes proporcionarem este serviço». No que diz respeito à catequese de infância, pedem que os conteúdos dados de forma digital sejam «direcionados preferentemente aos pais», já que são eles os «primeiros catequistas» dos filhos. Para que a catequese por meios digitais não «seja uma ilusão», a CEP pede que se «responsabilizem os pais pelo acompanhamento dos filhos durante eventuais sessões de catequese à distância para os ajudarem a concentrar-se nas mesmas e para esclarecer as incompreensões e dúvidas que os filhos possam ter».
A Assembleia Plenária da CEP termina amanhã pelas 11h00, com uma celebração na Basílica da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima, com vários bispos, que servira para fazer memória das vítimas da pandemia, uma celebração que irá contar, segundo a Agência Ecclesia, com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro António Costa.
Texto: Ricardo Perna
Foto: Agência Ecclesia
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