Teve hoje início, em Fátima, a 200ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Em regime semipresencial, «tendo em conta a situação pandémica que vivemos», à semelhança da reunião de novembro passado, os bispos reúnem-se para encontrar «linhas de orientação para a Igreja em Portugal no pós-pandemia», segundo revelou o presidente da CEP, D. José Ornelas, no seu discurso de abertura.
O prelado apontou, no seu discurso, que os bispos trabalharão um documento sobre o diaconado permanente que «já vem sendo estudado pelos bispos e pelas dioceses a que presidem», e o motu proprio do Papa Francisco Spiritus domini, sobre a adaptação das igrejas para darem «nova vitalidade e corresponsabilidade aos leigos, e concretamente às mulheres, na vida e na missão da Igreja». «Queremos que estes dois documentos não sejam apenas contributos isolados na organização da Igreja, mas exprimam, na linha da reflexão em curso no seio da CEP, um modo renovado de pensar o ser da Igreja como comunhão e missão, a partir da articulação de todos os carismas que o Espírito lhe concede, para prover ao seu crescimento e ser sal e fermento na transformação da sociedade através do anúncio credível do Reino de Deus», referiu no discurso transmitido pela Agência Ecclesia.
Esta promete ser, pelas palavras do seu presidente, uma assembleia plenária muito virada para a proposta pastoral da Igreja em Portugal, já que os bispos irão ainda aprofundar os dois documentos publicados o ano passado «sobre os desafios da pandemia nas suas consequências económicas e sociais e nos desafios concretos que coloca à Igreja»: “Recomeçar e reconstruir: Reflexão da Conferência Episcopal Portuguesa sobre a sociedade portuguesa a reconstruir depois da pandemia Covid-19” e os “Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal”.
Sobre a pandemia que afeta todo o mundo, e também a Igreja, D. José Ornelas aproveitou a oportunidade para voltar a falar, como já referiu em ocasiões anteriores, da importância das vacinas no combate à pandemia, desde que sejam «um fator de coesão e real progresso e não venham agravar a discrepância entre pessoas e países com maior ou menor poder económico», conforme tem também pedido o Papa Francisco insistentemente.
Também reforçada foi a mensagem sobre a atitude adotada pela Igreja em Portugal, «desde o início da pandemia», de «permanecer como espaço promotor de responsabilidade, solidariedade e esperança, próxima dos mais atingidos por esta crise que atinge o mundo inteiro, em diálogo com as autoridades competentes e fiéis ao Evangelho que encontra sempre modos de estar presente e atento, particularmente nas situações de maior sofrimento e fragilidade». Foi neste contexto que, afirma, a decisão de fechar ou suspender foi tomada, não por «medo ou comodismo», referindo que «foi particularmente sofrida e ponderada a decisão de voltar a prescindir das celebrações com a presença da comunidade, no início deste ano», e que tal decisão aconteceu porque tomam «a sério o compromisso para com a vida e o dever de impedir a transmissão do mal, em solidariedade com quantos se têm prodigalizado em dedicação aos que são mais atingidos por esta crise».
O presidente da CEP mostrou-se também satisfeito com a decisão do Tribunal Constitucional em declarar «ferida de inconstitucionalidade» a lei sobre a eutanásia. «Do mesmo modo que envidamos todos os esforços para vencer a crise e o sofrimento da Covid-19, podemos e devemos colocar igual solicitude de ciência, pessoas e meios, não para ajudar a pôr termo à vida, mas para a tornar possível, com a qualidade, afeto e dignidade em cada etapa da existência», sustentou.
Não esquecidos neste discurso inicial foram as situações humanitárias em Timor-Leste e Cabo Delgado, em Moçambique, local que os bispos «acompanham de muito perto», «contribuindo com a ajuda das nossas dioceses e outras instituições para minorar os efeitos dramáticos da crise humanitária». «Apoiamos vivamente os esforços do Governo português, da União Europeia e de organizações internacionais, para que, em colaboração com o Governo moçambicano, se possam encontrar meios de auxílio às populações e assegurar condições de paz e segurança na região», refere D. José Ornelas.
A 200ª Assembleia Plenária da CEP iniciou depois do discurso de abertura e terminará quinta-feira.
Texto: Ricardo Perna
Fotos: Paulo Rocha/Agência Ecclesia
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