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Bispos satisfeitos com possibilidade de tolerância de ponto
27.04.2017
D. Manuel Clemente, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e Cardeal Patriarca de Lisboa, falou hoje sobre a possibilidade de o governo conceder tolerância de ponto no dia 12 de maio, no âmbito da visita do Papa Francisco a Portugal.


O prelado mostra-se satisfeito com essa possibilidade. «Se isto interessa a grande número dos portugueses, faz sentido a tolerância de ponto. Se tão grande parte da população, mesmo para além dos horizontes da crença, olha com tanto interesse para a visita do Papa, é normal que o governo olhe para esse interesse», referiu aos jornalistas na conferência de imprensa conclusiva da Assembleia Plenária da CEP.

Quanto a alguma contestação que se seguiu ao anuncio desta possibilidade, inclusive de deputados do partido do governo, D. Manuel foi claro. «O Estado é um órgão que deve estar ao serviço do bem comum. Não inventa a sociedade, serve-a. A decisão é do governo e não foi pedida por nós», confirmou.
 
Sobre se esta decisão poderá trazer ainda mais gente à Cova da Iria, D. Manuel não quis fazer uma correlação direta. «Não creio que a tolerância de ponto leve à vinda de mais gente a Fátima, porque há outras formas de assistir à celebração. Não é necessário que venham todas, mas têm mais disponibilidade para seguir através de outros meios», disse.
 
Bispos têm de «aprofundar pensamento» para «acompanharem o discernimento»
Um dos pontos da ordem de trabalho da Assembleia Plenária foi a continuação da reflexão sobre a exortação do Papa Amoris Laetitia. Nesta assembleia foi refletido o «acompanhamento e discernimento pessoal e pastoral sob as orientações do bispo da diocese», pode ler-se no comunicado final.
 
Sobre esta matéria, D. Manuel adiantou que os bispos precisam de «aprofundar o pensamento, porque somos nós que temos de acompanhar esse discernimento». Quanto às decisões que serão tomadas por cada bispo na sua diocese, D. Manuel disse que a responsabilidade de cada acompanhamento é do bispo local da diocese, e não se quis comprometer com posições conjuntas, mas sempre foi adiantando que «cada bispo não divergirá tanto um do outro se o caminho de formação for feito em conjunto». Nas Jornadas Pastorais do Episcopado de junho a reflexão continuará, desta vez sobre a «formação da consciência e discernimento».
 
«Que o testemunho ativo do Papa nos entusiasme a nós»
Sobre a visita do Papa, não havia grande novidades a adiantar pelos bispos. D. Manuel Clemente não acredita em surpresas de última hora, até porque o «tempo está muito preenchido, não vai ter muita oportunidade para fazer mais que o que está programado».
 
O presidente da CEP espera que esta visita faça os fiéis ficarem mais próximos do «testemunho daquelas duas crianças há 100 anos que a Igreja respeita tanto que até as canoniza», e que permita «que nos unamos mais ao Papa nesta sua vontade de ser um rosto concreto, sugestivo e eficaz do que é a misericórdia neste mundo». «Esta frente é a frente de Deus, como os pastorinhos o compreenderam há 100 anos», defendeu.
 
Ainda nesta matéria, os bispos publicaram uma Nota Pastoral sobre a canonização dos pastorinhos Jacinta e Francisco, onde enaltecem a vida dos pastorinhos, que «convida à docilidade ao Espírito Santo do Senhor ressuscitado, ao cuidado solícito da humanidade e ao compromisso fiel com o rosto misericordioso de Deus». «Somos convidados a olhar para o exemplo de vida destas crianças, cientes da semente de fé, esperança e amor que eles semeiam na história humana», pode ler-se na Nota dos bispos.
 
Época de incêndios preocupa
Os bispos portugueses emitiram uma nota pastoral sobre «cuidar da casa comum – prevenir e evitar os incêndios», onde apela a uma maior consciencialização de todos nesta matéria. «Parece que estamos habituados aos incêndios, entramos na época de incêndios como na época balnear, e não pode ser», afirmou veementemente o presidente da CEP.
 
Afirmando que «as comunidades cristãs estão espalhadas pelo território e sentem a preocupação que toda a população sente», o prelado afirmou que «não nos podemos acomodar» com a «perda gravíssima do nosso património». Pedindo aos párocos que «façam pedagogia» sobre esta matéria, D. Manuel Clemente defende que «as comunidades têm de entrar nisto aberta e decisivamente».
 
Texto e fotos: Ricardo Perna
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