O Cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, e o Cardeal Kevin Farrell, presidente do Dicastério dos Leigos, Família e Vida, foram as duas figuras mais importantes da hierarquia da Igreja que acompanharam todos os trabalhos do pré-sínodo, que decorreu toda esta semana no Colégio Santa Maria Mater Ecclesiae, em Roma.
À FAMÍLIA CRISTÃ, e no final dos trabalhos que aprovaram o documento final entretanto publicado, o Cardeal Farrell fala de um momento «histórico» para a Igreja. «É um momento histórico, e um documento muito bem conStruído. É a voz dos jovens», refere o cardeal.
Reconhecendo que este vai ser «um bom documento para se trabalhar», avisa que «o que os jovens disseram está aqui, e agora a Igreja tem de ouvir». «A Igreja está sempre disponível para ouvir, e agora pode ouvir de forma concreta, em assuntos específicos. Agora, a Igreja precisa de ouvir o que os jovens têm a dizer», defende.

Na apresentação do documento final, o Cardeal Baldisseri referiu que «são os jovens a abrir a porta da esperança num momento de crise», citando o Papa na sessão de abertura. Em conversa com os jornalistas fora da apresentação do documento, reforçou que é «um documento muito belo, que exprime o que os jovens pensam da Igreja, deles próprios e do mundo». E se esperava que os jovens pudessem trazer as suas opiniões e as suas visões do mundo, não esperava uma tamanha «autenticidade». «A franqueza, a espontaneidade, e uma grande autenticidade, um testemunho. E as pessoas da Igreja devem ser testemunho daquilo em que creem, e a isso deve corresponder o facto, a autenticidade. A vontade de viver segundo os trâmites da fé, os jovens pedem isso, e fizeram-no aqui», refere.
O Cardeal Baldisseri admite que é necessária uma adequação «da Pastoral Juvenil aos dias de hoje», e que a Igreja está preparada para responder. «Creio que a Igreja está, como o Sínodo, preparada para fazer um esforço grande para se renovar neste tema da pastoral. Reconheço que não há instrumentos para os jovens de hoje. Quer dizer, há, mas deve haver uma renovação», pede o cardeal.

Tal como ele, o Cardeal Farrell admite que «o Papa não teria convocado um pré-sínodo de jovens se não achasse que era necessário estar aberto à voz dos jovens». Por isso, toda a Igreja terá de estar atenta, porque o Papa deu esta visibilidade a todas as questões.
Na verdade, diz o Cardeal Baldisseri, são os jovens «que amanhã vão ser os protagonistas na sociedade e na Igreja», e por isso deve haver investimento nestas matérias, numa linguagem que, também ela, tem de ser própria. «Se falamos de Jesus devemos falar como os jovens falam de Jesus, e não com uma teologia erudita. Os jovens querem expressões vivas, e um acompanhamento na sua vida», aponta o cardeal.
Sobre o sínodo dos bispos de outubro, a primeira novidade importante, revelada pelo Cardeal Baldisseri: «No Sínodo, seremos acompanhados por muitos jovens, seja em Roma, seja pelas redes sociais. Haverá uma presença de jovens como especialistas. Queremos criar algo mais, à margem do Sínodo, mas ainda não sabemos como vamos fazer.» «Queremos uma presença numerosa de jovens em Roma. Uma audiência mundial», promete o cardeal Baldisseri.
Texto e fotos: Ricardo Perna
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