Chegados mais uma vez a esta altura, surgem os típicos cortejos de Carnaval. Um pouco por todo o País, as pessoas saem à rua para festejar e mostrar os trajes ou que a sua trupe é a mais bela.

Não é exagerado afirmar que, quando se fala de Carnaval, vem-nos logo à mente o de Torres Vedras. Segundo alguns estudos é considerado um dos mais antigos de Portugal, havendo relatos da sua existência já no Século XIX. Segundo a tradição, todos os anos são nomeados o Rei e a Rainha do Carnaval, que muito contribuem para o sucesso da festa. O Carnaval de Torres Vedras é conhecido pelas Matrafonas: homens mascarados de mulheres. No decurso do desfile, vemos os carros alegóricos que são acompanhados por outras figuras típicas: os Cabeçudos, ou seja, fatos carnavalescos aos quais foi adicionado um elemento bem típico – uma cabeça gigantesca. Finalmente, realce para as Marias Cachuchas, mulheres que se disfarçam de homem e que funcionam como contraponto às Matrafonas.

O Carnaval é vivido na capital madeirense um pouco por toda a cidade, com eventos organizados em hotéis, cafés ou restaurantes. Isto porque o Carnaval na Madeira, ao contrário do que se costuma dizer, não são três mas quatro dias. Tudo começa no sábado antes do Carnaval, com o cortejo alegórico, que conta com milhares de figurantes. A festa culmina na terça-feira, com o chamado cortejo Trapalhão. Este é o mais concorrido e mais popular. Cada pessoa mascara-se como quer e vai desfilar. São aos milhares as figuras satíricas que se veem nesse cortejo. Em relação à gastronomia, temos as famosas malassadas e os sonhos, com mel de cana-de-açúcar, que fazem as delícias de quem as prova.

Além de ser mormente conhecida pela existência do mosteiro medieval, Alcobaça também se destaca pelo Carnaval que dura cinco dias. É conhecido por ser o «mais brasileiro de Portugal», porque os eventos são organizados em função da tradição brasileira que se quer reproduzir. Por conseguinte, a razão pela qual são cinco dias de Carnaval está enraizada no facto de lá existir uma grande escola de samba que reforça o ambiente tropical que invade e enche de cor e alegria esta vila portuguesa.

O Carnaval de Loures é considerado o maior da área metropolitana de Lisboa. A data oficial do primeiro festejo é de 1934. Atualmente este Carnaval conta com cerca de 1200 figurantes e 15 carros alegóricos. Do cartaz consta o famoso Baile Trapalhão, o Enterro do Rei do Carnaval (momento mais tradicional e satírico do Carnaval em Loures), animação noturna, entre outras atividades durante os cinco dias de festa. O Carnaval de Loures tem o maior grupo de carnaval organizado do país, as «Mastronças do Moulin Rouge». Este grupo é constituído apenas por homens, com idades compreendidas entre os três e os setenta anos, que anualmente se vestem de mulher. O grupo tem mais de 30 anos de existência.

O Carnaval de Sesimbra caracteriza-se pela participação de seis escolas de samba e dois grupos recreativos. Com cerca de 1300 elementos, o cortejo percorre cerca de um quilómetro junto ao mar, e é garantia de muita cor, música e animação pelas ruas da vila. Sesimbra vive o Carnaval de forma intensa. Não só pelos milhares de visitantes que se deslocam ao concelho para assistir aos desfiles, mas também porque toda a comunidade está empenhada em fazer desta altura do ano um momento-chave no calendário dos grandes eventos nacionais.

O Carnaval de Podence é conhecido como «Entrudo Chocalheiro», em que os caretos animam a pequena aldeia transmontana de Podence. As origens desta tradição perdem-se no tempo, mas remontarão à época pré-romana, sendo partilhada por outros locais em Trás-os-Montes e na vizinha Espanha.
Os homens vestem trajes coloridos, com franjas de lã de cores vivas (quase sempre amarelo, verde e vermelho) que cobrem todo o corpo. As máscaras são tradicionalmente feitas de metal, podendo também ser de couro ou madeira e de cores vivas e nariz pontiagudo. Nos dias de Carnaval, os Caretos circulam pelas ruas da aldeia, normalmente em grupos, em busca de raparigas para chocalhar. O chocalhar consiste numa dança em que o careto agarra a rapariga e abana a anca, batendo nesta com os chocalhos que traz à cintura. Os homens que não se mascaram abrem as adegas para matar a sede aos caretos.

Segundo alguns relatos, este Carnaval era já celebrado em 1879. É considerado um dos mais genuínos a Norte, dado carregar consigo tradições ancestrais. São utilizadas máscaras carrancudas, feitas manualmente por artesãos da aldeia, utilizadas por jovens, tanto do sexo masculino (os caretos), como do sexo feminino (as senhorinhas). Um dos momentos altos deste Carnaval é a leitura dos testamentos dos compadres e das comadres na praça da aldeia. A grande folia tem início no domingo e só termina na terça-feira.