A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apoiou mais de 5600 crianças e jovens, vítimas de 9500 crimes, entre 2013 e 2018. No relatório «
Estatísticas APAV: Crianças e Jovens Vítimas de Crime e de Violência 2013-2018», a associação revela

que mais de metade (57%) são vítimas dos próprios pais. «O espaço de segurança que deveria ser a casa onde residem é, não raras vezes, transformado num cenário de violência a que crianças e jovens são sujeitos, direta ou indirectamente», revela o documento. Das situações em casa, 37,4% são de violência psicológica. Já no que diz respeito ao sexo das vítimas, há mais do sexo feminino, embora se verifique algum equilíbrio. O mesmo acontece relativamente às idades, apesar de serem os jovens entre os 11 e os 17 aqueles que mais pedem ajuda.
A APAV divulgou também uma
infografia específica sobre as crianças e jovens vítimas de violência sexual entre janeiro de 2016 e maio de 2019. A associação regista «uma tendência crescente nos pedidos de apoio relativos a crimes de natureza sexual perpetrados contra crianças e jovens – uma tendência que se acentuou entre os anos de 2016 e 2018». Os dados são relativos à Rede CARE que apoiou, neste período, 881 crianças e jovens vítimas de violência sexual e 140 familiares e amigos. Ao longo destes 40 meses, verificou-se também, mais uma vez, que a maioria dos casos aconteceu dentro da família (54,1%), com os pais/mães e padrasto/madrasta a alegadamente responsáveis por mais de 30% das queixas. E trataram-se maioritariamente (62%) abuso sexual contra ou em menores de 14 anos.
Durante este período, as vítimas foram na esmagadora maioria, 80,3%, meninas e raparigas. E 91,4% dos alegados agressores eram homens.

A APAV criou a Rede Care em janeiro de 2016. Trata-se de uma rede de apoio especializado a crianças e jovens vítimas de violência sexual. Uma equipa multidisciplinar e especializada trabalha, a nível nacional, para ajudar a superar o impacto da violência e apoia nas questões jurídicas, psicológicas, sociais e práticas. Além disso, a rede trabalha na formação e sensibilização. A APAV tem protocolos de referenciação com a Polícia Judiciária (PJ), Tribunais e Ministério Público, Institutode Medicina Legal e Instituto Nacional de Emergência Médica. Estas entidades enviam à associação informações sobre os crimes e as vítimas por forma a poderem ser apoiadas. Neste caso, da violência sexual, 19% das crianças e jovens chegaram através da PJ e 15,1% dos tribunais e Ministério Público. Mais de 28% foram por sugestão de familiares, amigos ou conhecidos e 7,7% por iniciativa própria.
A APAV pode ser contactada através da Linha de Apoio à Vítima 116 006 (chamada gratuita, dias úteis, 9h-21h), Messenger (Facebook), videochamada (Skype: apav_lav) e pela rede nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima.
Texto: Cláudia Sebastião
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