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Centenas de pessoas dizem «Não» à Eutanásia
24.05.2018
A primeira de duas manifestações já marcadas para a Assembleia da República sobre o tema da eutanásia levou hoje algumas centenas de pessoas à escadaria da Assembleia da República, numa iniciativa da organização STOP Eutanásia. Aos cartazes de crítica à possibilidade de aprovação de uma legislação que despenalize a prática da eutanásia juntaram-se vozes de ordem e uma série de oradores que procuraram explicar o que estava em causa e influenciar o voto dos deputados que se preparam para legislar sobre este assunto no próximo dia 29.


Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, esteve presente para falar de «princípios estruturantes da nossa ordem jurídica». «Apelo aos deputados, pois confiamos na sua consciência. Eles representam o povo, mas esta lei não estava no programa eleitoral de nenhum partido», criticou, para acrescentar que «não podemos ceder no princípio de não matar, não podemos abrir exceções, pois quando se derruba o alicerce do edifício ele cai, e é isso que está em causa. A vida nunca perde dignidade, merece sempre proteção», afirmou, entre aplausos.

 
Sara Sepúlveda é enfermeira e critica os que acham que é «apenas» o direito de morrer com dignidade, o exercício de uma liberdade individual, que é um dos argumentos dos defensores dos projetos de lei. «Dizem-nos q a eutanásia é a pedido de quem está só, sofre ou não consegue combater mais. Mas a seguir vem a morte dos que não conseguem pedir, porque dirão que a eutanásia é um direito para todos, e passarão a ser os médicos a decidir e a fazer chegar a morte e não o alívio do sofrimento», declarou, para de seguida denunciar a falta de condições dos serviços de cuidados paliativos, onde há «uma equipa de cuidados paliativos para 8 mil pessoas, com um psicólogo 2 horas por semana»...
 
«Nós não queremos ser executores da morte de quem está em sofrimento. Podemos tratar das pessoas em casa, se nos forem dadas condições para isso, mas estão a tirar-nos essas condições», acusou, para de seguida exortar a que as pessoas «não se deixem enganar com a história da morte digna». «É mentira!!!!», declarou.
 
Sílvia Pinto é psicóloga e foi ao púlpito pedir que se informem as famílias com «honestidade, que lhes digam que é possível ter ajuda», já que muitas desconhecem, por exemplo, que «é possível ter um enfermeiro em casa, um fisioterapeuta, mas as famílias não sabem disto». Sílvia indicou ainda que, em 20 anos de profissão, nunca ouviu «ninguém dizer que queria morrer». «As pessoas querem viver», considera.
 
Uma das vozes mais conhecidas foi a Dr. Gentil Martins, antigo bastonário da Ordem dos Médicos e um dos médicos mais respeitados de Portugal, que «repudia totalmente a legislação» que irá ser colocada a votação, citando para o efeito a Associação Médica Internacional, que, já em 2013, reafirmou, numa declaração pública, ser contra a eutanásia. «A Associação de Médicos Internacionais tem recomendado às associações membro que, independentemente do que a legislação diga, devem respeitar o seu juramento hipocrático de defesa da vida», disse.


 
Direção do Grupo Parlamentar do PSD mostrou «sensibilidade» para este assunto
Abel Santos é um dos promotores da iniciativa STOP Eutanásia e esteve reunido esta manhã com a direção do Grupo Parlamentar do PSD. Questionado sobre qual seria a intenção de voto dos deputados PSD, reforçou que, «por ser uma questão de consciência», o voto seria individual, mas que a direção, que esteve «toda» reunida com este grupo de elementos do STOP Eutanásia, «iam votar contra».
 
Já esta manhã, Fernando Negrão, líder parlamentar do PSD, tinha afirmado aos jornalistas que na reunião do grupo parlamentar tiveram «uma discussão muito viva sobre a questão da eutanásia». «Direi mesmo que foi o único tema e foi suficiente porque houve inúmeras intervenções, todas ou a maioria no sentido de votar contra os diplomas da eutanásia», disse aos jornalistas, reforçando, no entanto, que o «PSD dá liberdade de voto aos deputados por considerar esta uma matéria de consciência e cada um terá oportunidade de afirmar a sua posição individual».
 
Abel Santos afirma que «esta pressa no sentido de legislar para o homicídio terapêutico, porque é isso que é a eutanásia» alertou os portugueses para algo com que eles não concordam. Este responsável afirmou que «o que estamos a dizer aos deputados é que nos representam e a vossa consciência tem de estar de acordo com o que os portugueses querem».

Assunção Cristas junta-se à manifestação
A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, também esteve presente na manifestação, e afirmou que, «no CDS, tudo estamos a fazer para que noa dia 29 a eutanásia seja rejeitada em Portugal». «Achamos que não é um bom caminho, não é o caminho de uma sociedade que é humana e acolhe a todos, e que estes 230 deputados não têm mandato do povo para poder decidir sobre uma matéria tão sensível como a eutanásia», declarou aos jornalistas presentes.

A líder centrista considera que este caminho é um «mau caminho para o nosso país». «Há apenas dois países na Europa que têm esta legislação e alguns já estão arrependidos», disse. «O que ajuda à serenidade é termos tempo, reflexão e um posicionamento claro de todos os partidos, para que as pessoas quando vão a votos saibam qual o posicionamento dos seus representantes. Isto é legislar nas costas das pessoas e as pessoas ficam indignadas», sustentou.

Questionada sobre se as pessoas já estariam bem informadas sobre isto Assunção Cristas considerou que há aidna muita confusão em alguns conceitos. «Os cuidados paliatvos não curam, mas tiram o sofrimento. E quando nos dizem que ou é a dor ou é a antecipação da morte com a eutanásia, isso não é assim», há outros caminhos, defendeu a líder do CDS-PP, grupo parlamentar que já confirmou que irá votar contra os projetos de lei que irão ser postos a votação no dia 29.



 
Reportagem e fotos: Ricardo Perna



 
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