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Idai: o pior pode estar por chegar
20.03.2019
As Nações Unidas alertam que a situação em Moçambique e nas áreas afetadas pelo Ciclone Idai pode piorar com as chuvas fortes que vão continuar a atingir a região e a subida do nível das águas.

Apoio alimentar entregue numa escola na Beira, Moçambique. Foto: Deborah Nguyen

Em Moçambique a cidade da Beira foi a mais atingida e continua sem acesso rodoviário. Em comunicado, a UNICEF estima que 260 000 crianças estejam entre a população afetada. Na região, famílias e crianças estão «a lutar desesperadamente pela sobrevivência e a deslocar-se para zonas mais elevadas, como os telhados». No hospital da Beira, as urgências estão danificadas e «não é possível realizar cirurgias complexas», mas a enfermaria pediátrica está operacional. Um dos maiores desafios é a busca e resgate de milhares de pessoas, «a acomodação/alojamento suficiente e centros de abrigo para os afectados, e o acesso a água limpa». As Nações Unidas divulgaram imagens de Moçambique, dizendo que foram criadas «oceanos» com o ciclone e que 1,7 milhões de pessoas estão nas regiões afetadas, só neste país.

 
Apesar da falta de ligação por estrada, a ajuda já está a chegar à Beira. A UNICEF revela que vários funcionários desta organização das Nações Unidas e de outras agências de apoio humanitário estão já a trabalhar com o Governo. O armazém da UNICEF na Beira e outros apoios foram danificados. «Além de apoiar os trabalhos de assistência com as primeiras equipas de avaliação e resposta, a UNICEF está a apoiar o Governo na distribuição de pastilhas de purificação de água e medicamentos básicos, além dos esforços para que as crianças afectadas regressem o mais rapidamente possível às suas salas de aula», lê-se no comunicado.

O Governo moçambicano declarou o estado de emergência nacional e três dias de luto nacional começando neste dia 20 de março. Oficialmente, morreram, pelo menos, 202 pessoas. Um número que deverá subir nos próximos dias porque se espera uma grande subida do nível das águas (prevê-se que subam oito metros). A cidade de Buzi, onde vivem 200 000 pessoas, está em risco de ficar particalmente submersa e 350 mil pessoas estão em risco em toda a região. Outra preocupação é a capacidade da barragem de Marowanyati, no Zimbabué, que está a ser atingida.

Em muitas regiões não há estradas. Ajuda chega por via aérea.

Numa passagem pela região de Buzi, verificou-se que mais de 50 quilómetros da cidade de Buzi está submerse e a prioridade é a busca e salvamento das pessoas isoladas pelas águas.

Neste momento, a Marinha Indiana e a Força Aérea da África do Sul estão a ajudar o Governo a evacuar os sobreviventes de Buzi para a Beira, com botes e pequenos barcos. Às regiões afectadas estão também a chegar mantimentos. Tendas familiares e outros conjuntos de emergência estão também a chegar a Moçambique.

Esta manhã, o Papa Francisco lamentou o sucedido nestes países. «Nestes dias, grandes inundações semearam luto e devastação em diversas regiões de Moçambique, Zimbabué e Maláui. Manifesto a estas populações a minha dor e a minha proximidade.» 

Imagem de drone.

No sul do Maláui, milhares de pessoas estão desalojadas e a precisar de alimentos e água potável. No Zimbabué, as estradas foram muito danificadas e isso dificulta o acesso às zonas afectadas.

A UNICEF estima que sejam precisos 20,3 milhões de dólares para apoiar os três países. O mais atingido e a necessitar mais de ajuda é Moçambique. Por isso, lançou uma campanha de angariação de fundos.

Como ajudar?
A Cáritas portuguesa, em comunicado, anunciou que está «a acompanhar de perto, em articulação com a Cáritas Moçambicana, a situação em que se encontram todos os que foram afetados por esta calamidade. À nossa congénere de Moçambique já expressámos, também, a nossa solidariedade com o compromisso do envio de 25 mil euros». Os donativos podem ser feitos por transferência para a conta: IBAN: PT50 0033 0000 01090040150 12.

Também a Cruz Vermelha Portuguesa vai enviar 5 000 euros do Fundo de Emergência para catástrofes. Em comunicado, a organização comunica que «está também a organizar-se no sentido de enviar para o local a sua Cooordenadora do Serviço de Restabelecimento dos Laços Familiares em cooperação com o Comité Internacional da Cruz Vermelha». A Cruz Vermelha pede donativos que podem ser feitos por multibanco, transferência bancária para a conta nº PT50 0010 0000 3631 9110 0017 4 ou online.

Há ainda a UNICEF. Podem ser feitas transferências para o IBAN PT50 0033 0000 5013 1901 2290 5. Mais informações aqui.
 
Texto: Cláudia Sebastião
Fotos: UNICEF/Malawi
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