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Comissão Nacional Justiça e Paz pede políticas públicas que incluam mais velhos
29.07.2020
A Comissão Nacional Justiça e Paz emitiu uma nota intitulada «A pandemia e os mais velhos». No documento enviado à FAMÍLIA CRISTÃ, a organização chama a atenção «para a forma como estamos a tratar os mais velhos». Algo que «não é recente, mas que se tornou pública». E que forma é essa? «São os mais velhos as principais vítimas da COVID 19 e esse facto veio trazer ao de cima um problema existente...  nomeadamente aqueles que estão ”confinados” em lares, impedidos, face aos riscos de contaminação, de receber visitas dos seus familiares. Ainda mais sós, portanto. Mas também todos os outros que subitamente, quase que em sobressalto, passaram a fazer parte desta enorme categoria sanitária/sociológica de grupo de risco. Subitamente bloqueados, pelo dever de proteção, neste gigantesco bloco catalogado de quase intocáveis.»

Foto: Pixabay/Huskyherz

Nestas circunstâncias, a CNJP diz que é preciso «refletir seriamente sobre as condições de vida e de participação dos mais velhos. Sobre o que é ser “mais velho”». Nesse sentido, defende que «os velhos não são para “deitar fora” porque já não são úteis na denominada vida ativa. Os velhos “nascem dentro de si e no coração de Deus”. Os mandamentos alertam-nos para que devemos “honrar pai e mãe”, temos o dever de proteção».
Essa proteção e honra que lhes devemos é cumprida quando os remetemos para «depósitos onde não há convivência entre gerações, onde deixam de poder ser ativos, meros “utentes” de instituições? Será que os honramos colocando-os num grupo artificialmente homogéneo dos que “chegaram ao fim da vida” e já não têm forma de participar e contribuir para o bem estar da sociedade a que pertencem?», questiona a Comissão Nacional Justiça e Paz.
Lembrando a nova classificação da Organização Mundial de Saúde, que classifica as pessoas entre os 66 e os 79 como «meia idade» e «idosas» as que têm entre 80 e 99, sendo «idosos de longa vida» os centenários, a CNJPdefende que a «"meia idade” é uma idade bem ativa e que, infelizmente, tem sido ignorada». Daí que defenda que estas pessoas não podem ser desperdiçadas, continuando ativas em muitos setores da sociedade. Como isso não acontece em todos «é urgente pensarmos nesta ordem de questões e encontrar alternativas. Para que um dia o nosso coração culpabilizado não se sobressalte».
Esses e os outros idosos e até centenários «têm o direito de levar um fim de vida feliz e em plenitude sem se sentirem culpabilizados por dar trabalho às gerações mais novas», «são cidadãos de pleno direito, com direitos e com deveres, com responsabilidades na construção da casa comum. Este papel, não pode nem deve ser retirado, sob pena de ficarmos coletivamente mais pobres».
A Comissão Nacional Justiça e Paz pede políticas públicas que tenham em conta a diversidade de pessoas nas várias idades. «Desde a  garantia de um número suficiente de unidades de cuidados continuados e paliativos que garantam um final de vida digno para os mais velhos, a reformas/pensões suficientes e justas que permitam autonomia de vida, a modelos concretos organizativos que possibilitem a sua participação ativa . É preciso pensar noutros termos  de forma a não excluir os mais velhos», defende na nota enviada às redações.

 
Texto: Cláudia Sebastião
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