Como está a Igreja em Portugal a sair do desconfinamento?
04.05.2020
Com o fim do estado de emergência, a Igreja em Portugal prepara-se para voltar à sua vida "normal", embora ainda com muitas restrições.
Depois de sabermos que o Governo autorizava celebrações comunitárias religiosas a partir de 30 de maio, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) emitiu um comunicado onde referia as primeiras indicações para todas as dioceses, prometendo um comunicado mais tarde com orientações sobre os procedimentos litúrgicos, mas adiantando desde já que as igrejas passam a estar abertas para visitas individuais, que a Reconciliação volta a ser possível e que as exéquias passam a contar com os familiares nas cerimónias.
Mais tarde, o comunicado da CEP com as medidas litúrgicas que permitem preparar a reabertura das igrejas para as celebrações comunitárias foi publicado, e pode ser lido aqui.
No Domingo do Bom Pastor foram conhecidas as primeiras indicações de cinco dioceses. O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, escreveu uma Nota Pastoral, «hora de ir recomeçando», a indicar que quer «sacerdores na linha da frente» no acompanhamento pastoral dos seus fiéis e a oferecer uma viseira a cada sacerdote da arquidiocese. «Tudo deve ser aproveitado para testemunhar a nossa proximidade de pastores, estando junto das ovelhas. Mesmo sem proximidade física, há sempre modos de inventar gestos que mostrem que o amor não é uma simples palavra», escreveu o arcebispo de Braga.
Mais perto da data da retoma das celebraões comunitárias, a arquidiocese, através do seu departamento para a Liturgia, emitiu indicações específicas, que pode ler aqui.
Em Lisboa, D. Manuel Clemente escreveu uma carta a todos os sacerdotes. Explicando que a decisão das eucaristias tem a ver com a «saúde pública», elogia a criatividade dos seus sacerdotes e pede que manteham o caminho pastoral feito até aqui. O Cardeal-Patriarca de Lisboa afirma que, «no que nos cabe, defendemos a saúde dos fiéis e anunciamos a vida ressuscitada de Cristo. Essa mesma que não precisa que lhe abram a porta para se manifestar perto ou longe».
Na semana antes do regresso das celebrações comunitárias, o Cardeal-Patriarca de Lisboa publicou um vídeo onde fala aos seus diocesanos sobre este regresso, em segurança, e pede respeito pelas normas definidas pela CEP.
Na diocese do Porto, D Manuel Linda enviou uma série de indicações imediatas sobre a reabertura das igrejas e a necessidade dos sacerdotes do Porto não terem a tentação de encarar este tempo como «férias prolongadas» da pastoral, pedindo «muita atenção às problemáticas familiares, especialmente as resultantes da doença, do luto e do confinamento». «Entre outras necessidades, procuremos responder e ajudar a responder às novas pobrezas, muitas vezes, escondidas», acrescenta.
Antes da retoma das celebrações, D. Manuel Linda emitiu também indicações específicas, que pode ler aqui. Em jeito de novidade, destaca-se o apelo do prelado «à solidariedade cristã e mesmo à racionalidade humana». «Nas festas de verão, nas “Comunhões” e noutros eventos religiosos costuma-se gastar largas somas de dinheiro, produto da generosidade dos fiéis. Que tal se esse dinheiro, no todo ou em parte, este ano, fosse aplicado em minorar os sofrimentos daqueles que, a nível da Paróquia, vivem em condições de maior vulnerabilidade?», sugere, pedindo também que todas as paróquias garantam a existência de uma «grupo de ação social», que permita dar assistência a quem necessite.
No Funchal as missas regressaram a 9 de maio. Essa possibilidade estava devidamente prevista no comunicado da CEP, e vai meos avançar. O bispo do Funchal, D. Nuno Brás, pede «caridade» e «compreensão» dos fiéis no acatamento das novas regras e recomendações para o regresso à celebração comunitária da Missa. Celebrações apenas poderão durar 40 minutos, e a lotação da igreja está limitada a 1/3 do total de lugares disponíveis, com marcação de lugares e grupos de acolhimento para levar as pessoas aos seus lugares.
Em Santarém, D. José Traquina enviou uma mensagem vídeo dirigida a fiéis e sacerdotes, na qual fala de mais um mês «a viver cm limitações», indicando que as igrejas de Santarém vao ser abertas e que o sacramento da Reconciliação passa a estar mais disponível outra vez.
Na Guarda, D. Manuel Felício mantém praticamente tudo como está até que seja possível retomar as celebrações comunitárias. A sua Nota «celebrar a fé durante a pandemia» refere que mesmo as confissões só devem retomar os seus horários normais no «final de setembro». Entretanto, e depis da publicação das normas da CEP, o bispo da Guarda publicou orientações específicas para a sua diocese, que pode ler aqui.
Em Évora, D. Francisco Senra Coelho coloca em execução as indicações do comunicado do Conselho Permanente da CEP, que considera ser de «grande prudência». «Continuamos numa situação de grande contenção, como todos sabemos, a ameaça ainda não foi ultrapassada nem vencida definitivamente», escreveu D. Francisco Senra Coelho sobre a pandemia do coronavírus Covid-19, lembrando a indicação do Papa Francisco para «acolher a graça da prudência e da obediência às orientações oficiais».
Em Bragança, D. José Cordeiro, que é também responsável pela comissão da Liturgia e Espiritualidade, aplica todas as normas da CEP e apenas se mostra decansado no que diz respeito à lotação das igrejas, considerando a realiade demográfica da sua diocese.
Na diocese de Angra, as missas recomeçam mais cedo que no continente, assim como aconteceu na diocese do Funchal. Neste caso, será a dia 16 que se retomarão, e D. João Lavrador já emitiu indicações específicas para a diocese, em complemento às indicações da CEP já conhecidas.
Em Lamego, D. António Couto reforçou a necessidade de se cumprirem as indicações da CEP, naquele que é um tempo de «transição», que exige «empenho e solicitude» das comunidades católicas. «Lutemos com a inteligência e o coração, com a oração; lutemos, pois, com os dados por Deus dados, nos hospitais e laboratórios. De resto, os santos sempre souberam arrastar o mundo para o bem e o bem para o mundo, vergando, para tanto, o coração de Deus», pode ler-se na Nota.
Em Setúbal, D. José Ornelas também publicou uma Nota pastoral a preparar este regresso das celebrações comunitárias, ao mesmo tempo que lançou uma campanha a favor da Cáritas diocesana. As indicações, que pode ler aqui, chegaram acompanhadas de um pedido para que as paróquias contribuam para o fundo de apoio social de cada paróquia, já que a diocese está a apoiar mis de 5800 famílias, num número «que não pára de crescer», segundo se pode ler na nota do prelado.
Na véspera das celebrações de Pentecostes, D. José Ornelas publicou uma Nota onde pede que o regresso das celebrações se faça «com paz, alegria e segurança». «É significativo que este recomeço tenha lugar na celebração do Pentecostes, a começar a 30 de Maio, em que se comemora a efusão do Espírito do Senhor ressuscitado sobre os discípulos, que deu origem à Igreja. Também para nós, este domingo não deve significar apenas o retorno ao que sempre foi. Deve ser o acolhimento do Espírito que nos recria como Igreja Unida e Aberta, Solidária, Missionária», escreve o bispo, na Nota que pode ser lida aqui.
No Algarve, D. Manuel Quintas também escreveu aos seus sacerdotes e diáconos com indicações mais específicas para a sua diocese sobre a retoma das celebrações comunitárias. O documento, que pode ser lido aqui, pede que se faça uma gestão das igrejas que permita que se realizem as cerimónias nos espaços que tenham capacidade para acolher mais fiéis.
(atuaizado a 30 de maio com indicações específicas de várias dioceses do país)