A notícia foi dada pela própria reitora da Universidade Católica Portuguesa. Isabel Capeloa Gil publicou no Twitter a mensagem dando nota de que o «Curso de Medicina da Universidade Católica acaba de ser acreditado pela A3ES. Um grande dia para o Ensino Superior e para o sistema científico nacional».
Curso de Medicina da Universidade Católica acaba de ser acreditado pela A3ES. Um grande dia para o Ensino Superior e para o sistema científico nacional. #MedicinaUCP
Numa entrevista à FAMÍLIA CRISTÃ, em fevereiro, a reitora da Universidade Católica Portuguesa mostrava-se convencida de que este dia chegaria e rejeitava os argumentos da Agência para a Acreditação do Ensino Superior. Nessa entrevista disse que «a Faculdade de Medicina da Católica vai acontecer e vai acontecer porque é uma necessidade para o país». Desmontando as razões da Agência, Isabel Capela Gil contestava os argumentos para o "chumbo": «A primeira a de que o sistema de saúde português não acomoda a existência de mais médicos e acho que era importante perguntar às pessoas que diariamente têm de frequentar os hospitais, os centros de saúde, nas grandes cidades ou no interior, se verdadeiramente sentem que as suas necessidades de saúde estão a ser respondidas pelo número de médicos que existem em Portugal, se estão a ser respondidas nos prazos que são necessários para a resolução dos problemas de saúde que têm, se sentem que não é relevante a questão das listas de espera para operações e para outros procedimentos nos hospitais. Portanto, se este mito que em Portugal se formam médicos a mais é uma realidade sentida verdadeiramente pelas pessoas. Em segundo lugar, a opção dos portugueses é a de serem cuidados, na sua saúde que é o que de mais precioso têm, de acordo com padrões de qualidade que são regidos, coordenados e monitorizados pelas instâncias do Estado Português que acompanham… Os portugueses querem garantias certamente de que a sua saúde está a ser cuidada por profissionais que passaram os melhores crivos de excelência do sistema científico nacional. Portugal tem um sistema científico relevante. Os portugueses gostariam de ter médicos que passaram por esse crivo, nacionais ou não nacionais, mas que tenham passado por esse crivo, ou preferem ter nos seus centros de saúde e hospitais médicos que sejam formados em sistemas de ensino e sistemas científicos que vão desde a Moldávia, à Rússia a Cuba, Espanha, Grécia? Tudo países notáveis. Não está isso em causa. O que está em causa é o crivo e o controlo sobre a formação, não é?»
A reitora da Católica afirmava que «estes dois argumentos que levaram na primeira fase à recusa da acreditação são, digo-o francamente, corporativos. Têm que ver com a proteção do statu quo que é danoso para a população portuguesa. Não é pensável que os portugueses prefiram que o Estado faça recrutamento internacional de médicos e que não os forme no país e que não queira controlar essa formação. Portanto, nós acreditamos, eu acredito e toda esta equipa que está a trabalhar no projeto acredita no funcionamento das instituições. Acreditamos que é fundamental ultrapassar as barreiras corporativas e trabalhar para o bem dos portugueses. Portugal necessita de uma Faculdade de Medicina da Universidade Católica, necessita de uma formação médica com uma matriz inquestionavelmente humanista, precisamos de reforçar e capacitar ainda mais o nossos sistema nacional de saúde e precisamos de melhorar a saúde dos portugueses. Por isso é que eu digo que a faculdade vai acontecer»
Foi em 2017 que a Universidade Católica apresentou o projeto de Mestrado integrado em Medicina. Em dezembro do ano passado a Agência para a Acreditação e Avaliação do Ensino Superior "chumbou" a proposta e a Universidade apresentou contraargumentação.