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D. Manuel Clemente: Eutanásia e aborto requerem «atenção prioritária e constante»
15.06.2020
D. Manuel Clemente afirma que os debates sobre o «aborto e a eutanásia», «continuam presentes e a requerer a nossa atenção prioritária e constante». O ainda presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) diz que estes sete anos foram marcados por «debates socioculturais muito fortes, por atingirem pontos essenciais da vida e do que ela requer».
Na abertura da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa que elegerá o seu sucessor, D. Manuel Clemente lembra que se vive um «momento especial da sociedade e da Igreja em Portugal». «A pandemia interrompeu brusca e profundamente o ritmo e o modo da vida pessoal, social e eclesial. Interrompeu, mas também despertou muita solidariedade nos vários setores e muita criatividade para prosseguir no possível», afirma.



Que «tanto bem que emergiu recresça para o futuro»
D. Manuel Clemente elogia o trabalho e até «heroísmo» de muitos durante a pandemia em vários sectores, mas também «o empenho de tantas comunidades eclesiais e instituições sociocaritativas, que souberam estar presentes e ativas junto dos seus fiéis e dos mais necessitados, tanto no apoio especificamente religioso como em várias formas de prática solidária». O ainda presidente da Conferência Episcopal Portuguesa espera que «tanto bem que emergiu, face a um grande mal, recresça para o futuro, quer superando a pandemia que persiste, quer para nos retomarmos melhor do que estávamos antes», nomeadamente para concretizar «aquela “ecologia integral” em que o Papa Francisco tão justamente insiste».

A reunião que decorre agora dos bispos portugueses foi adiada para este mês de junho por causa da COVID-19 e decorre de forma diferente do habitual. A abertura contou apenas com a presença da Agência Ecclesia que distribuiu o vídeo e as fotografias pelos restantes órgãos de comunicação social. No final ainda não é certo que haja a conferência de imprensa com os jornalistas. Além disso, em vez de participarem todos os bispos do país, estão em Fátima apenas os que têm direito a voto, uma vez que serão eleitos os órgãos da CEP para o triénio 2020-2023.



Trabalho por fazer
D. Manuel Clemente defende que «ainda há muito por fazer no campo da comunicação interna e externa, da linguagem utilizada e do modo atual de transmitir e receber» da Igreja Portuguesa. A terminar o mandato como presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), salienta que «a eficácia dos pronunciamentos da CEP depende muito da sua radicação eclesial, ou seja, de brotarem da vida e da sensibilidade dos crentes. Quando esta coincidência acontece e corresponde a problemas reais da sociedade, têm acolhimento e consequência».

O cardeal-patriarca de Lisboa sublinha que «em muitos casos trata-se quase de recomeçar, com “novo ardor, novos métodos e novas expressões”, como dizia S. João Paulo II», nomeadamente «numa atenção prioritária aos mais pobres». «Também eles nos evangelizarão a nós, pois foi com eles que Cristo Se identificou e é neles que nos espera», disse. «A eficácia do que fazemos e da linguagem que utilizamos depende também da sua radicação nos diferentes sectores socioculturais. Basta reparar na vivacidade dos pronunciamentos provindos de associações e movimentos do laicado católico, familiares, profissionais ou juvenis.» D. Manuel Clemente lembra «a renovação de várias formas associativas e apostólicas» e «a movimentação juvenil que liga bem Evangelho e missão, como o que acontece em torno da “Missão País” e outras atividades congéneres, que mobilizam anualmente milhares de estudantes universitários».



D. Manuel Clemente diz que foi «tempo exigente»
Depois de lembrar os membros do episcopado entretanto falecidos, D. Manuel Clemente fez um balanço dos sete anos à frente da CEP. «Foi um tempo exigente, porque exigentes foram os desafios da sociedade e da vida eclesial. Em 2013 estávamos a sair duma grave crise económica e social, como agora estamos noutra, trazida pela pandemia», começou por lembrar. Além das questões do início e do fim da vida, o cardeal-patriarca lembra a defesa «do trabalho e da subsistência digna das pessoas e das famílias, inclusive de quem chega, por imigração ou refúgio», da «liberdade de aprender e ensinar, segundo a escolha de pais e encarregados de educação», da iniciativa do terceiro sector. Mais ligados à Igreja, D. Manuel Clemente salienta a catequese e a projeção missionária, a insistência da CEP «no cumprimento estrito das orientações da Santa Sé e do Estado».

A Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa decorre até quarta-feira, em Fátima.
 
Texto: Cláudia Sebastião
Fotos: Agência Ecclesia/CEP

 
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