O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel Clemente, falou hoje da necessidade de reforçar meios no combate a um «fenómeno complexo» que são os abusos sexuais e que requerem uma combinação de intervenções que não pode passar apenas pelos sacerdotes.

«Têm aparecido ideias, como já tem sido ventilado, até com a publicação das intervenções, de reforçar as equipas, as comissões para a proteção de menores, mesmo com a colaboração de pessoas especializadas – clérigos, leigos, leigas – que efetivamente possa ajudar-nos nesta, podemos chamar-lhe batalha, porque é isto mesmo, pelo bem das crianças», afirmou, em declarações à Família Cristã à saída dos trabalhos do encontro sobre Proteção de Menores na Igreja que decorre no Vaticano.
Uma intervenção que tem de ser «muito ampla», pois toca «zonas muito profundas da humanidade que somos e que, às vezes, não são boas, precisam de ser corrigidas, compreendidas e ultrapassadas». «É um fenómeno moral, com certeza, mas também psíquico e até psiquiátrico, sociológico, cultural», referiu.
Apesar de já estarem em prática normas em Portugal de combate a este problema dos abusos sexuais, o presidente da CEP admite que, a partir deste encontro, as normas poderão ser reforçadas. «Sobretudo, o reforço da prática que nós já vimos desenvolvendo, com grandes indicações da Santa Sé, de há uns anos a esta parte, e que em Portugal já passou por aquelas normas de 2012. O reforço desta intenção e desta prática é o mais forte, agora generalizado a toda a Igreja, porque, efetivamente, nós falamos da Igreja Católica, mas estamos a falar de muitos continentes, de muitas culturas, muitas sociedades. Para todos nós ficou mais claro, se isso se pode dizer, que isto é uma absoluta prioridade», reconheceu.
Sobre o modo de proceder, D. Manuel Clemente explicou que as dioceses têm a sua autonomia, mas que admite como possível a criação de estruturas ao nível da conferência episcopal. «É desenvolver aquilo que já vamos fazendo, que é ajudar-nos uns aos outros, coisa que já é praticada, até porque nós nos encontramos várias vezes, e por isso as soluções que um tem podem servir também para outro. Isso faz parte da partilha da Igreja em todos os aspetos e neste, que é prioritário, também», sustentou.
A reportagem em Roma no encontro sobre Proteção de Menores na Igreja é realizada em parceria para a Família Cristã, Agência Ecclesia, Flor de Lis, Jornal Voz da Verdade, Rádio Renascença e SIC.
Texto e fotos: Ricardo Perna
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