Costurar vestidos para meninas abaixo do limiar de pobreza é o que faz o projeto Dress a Girl Around The World. Mundialmente já foram costurados quase 600 mil vestidos para meninas de 81 países. Há menos de um ano a funcionar em Portugal, quase 363 já foram entregues e há 200 prontos a ser enviados, através de organizações não-governamentais que trabalham em África.

Quem costura, comove-se ao ouvir as histórias das entregas dos vestidos. Vanessa Campos, a embaixadora do
projeto em Portugal conta à FAMÍLIA CRISTÃ: «As meninas adoram. Dizem que os vestidos parecem ir com um pacote de alegria, que as meninas vestem, não param de sorrir e não querem tirá-los. Outros dizem que os nossos vestidos são muito alegres e que as meninas ficam encantadas. A nossa preocupação é fazer vestidos com tecidos novos. É o primeiro vestido novo que essas meninas recebem na vida e, muitas vezes, será o primeiro e único.»
Além dos vestidos, as meninas recebem dentro de cada bolso umas cuecas. Vanessa explica que «não faz sentido mandar um vestido se elas não têm cuequinhas. Elas amam! Muitas nunca viram uma cuequinha na vida». A embaixadora do Dress a Girl Around The World – Portugal conta que «a última entrega foi em São Tomé e Príncipe e a carinha das meninas quando viram as cuecas é fantástica. Pela expressão, elas não sabiam para que servia aquilo».
O Nascimento em Portugal
Vanessa trabalhou no mercado financeiro durante 23 anos. Tem dupla nacionalidade, brasileira e portuguesa. Morou nos Estados Unidos e foi lá que conheceu o projeto
Dress a Girl Around The World. «Comecei a fazer os vestidos com uma amiga quando morava nos Estados Unidos. Depois de ver uma menina vestindo um vestido feito pelas nossas próprias mãos não conseguimos mais parar», conta Vanessa em entrevista à FAMÍLIA CRISTÃ. A ideia é que as voluntárias façam vestidos para meninas «que vivem em países abaixo do índice de pobreza mundial, que vivem em condições realmente muito precárias. Com os vestidos, levamos proteção, dignidade, melhoria na autoestima, um pouquinho de alegria e esperança».
Quando voltou a Portugal, Vanessa quis dar continuidade ao projeto. «Logo que cheguei tive muita dificuldade em encontrar tecidos de algodão que não fossem caros. Entrava nas lojas de tecidos, explicava o projeto na esperança de conseguir dicas de onde eu encontraria tecidos baratos. Estava bem desanimada, achando que não conseguiria viabilizar o projeto», explica. Tudo mudou quando conheceu Alexandra Egreja, na loja/ateliê The Craft Company, em Cascais. A primeira conversa entre as duas terminou com a decisão de usar o espaço para juntar costureiras voluntárias. «No primeiro encontro, 19 de julho de 2016, vieram mais de 25 senhoras. Foi um sucesso!»
De materiais doados e boa vontade se faz um vestido
A confeção é feita com materiais doados. Cada kit tem tecido já cortado para um vestido, tecido para o bolso e forro, fita ou manga e a etiqueta. Assim, quando as voluntárias chegam é “só” costurar o vestido.
Vanessa alerta para a importância da etiqueta. «A etiqueta tem uma função especial, é costurada em cada vestido em lugar visível e, "estatisticamente" falando, os pastores das igrejas locais dizem que houve redução no índice de violência sexual contra as meninas. Eles acreditam que os "predadores" acham que as meninas são protegidas por uma ONG e se afastam delas, para evitar exposição.» Um efeito colateral que é mais uma vantagem do projeto, acredita Vanessa.
Atualmente, as voluntárias do Dress a Girl reúnem-se em Cascais quinzenalmente. Há senhoras mais velhas e raparigas mais novas. Vanessa garante que o clima é muito bom e alegre. «A energia do grupo é incrível, uma amiga de fora que nos visitou recentemente disse que em determinado momento percebeu que estávamos todas a costurar num silêncio inacreditável».
Quem quiser juntar-se e estiver longe de Cascais, pode levar um kit da loja e costurar em casa. Pode também fazer vestidos com os tecidos que tiver e enviar por correio. Vanessa diz que têm recebido muitos vestidos prontos. Para costurar é preciso ter apenas conhecimentos básicos de costura, até porque o modelo de vestido é simples. Se quer juntar-se ao projeto, mas não sabe costurar, pode doar tecidos, linhas, fitas de viés ou cuecas. O tecido devem ser em algodão, «não pode ser transparente» para proteger os corpos das meninas, «não pode ser muito claro» para não se sujar e «não pode ser muito fino» para resistir mais tempo. Pode obter mais informações sobre o projeto em Portugal em: https://www.facebook.com/dressagirlaroundtheworldportugal/.