O cardeal António Marto, bispo de Leiria-Fátima, consagrou hoje Portugal e Espanha ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria.


Numa cerimónia, na qual o prelado se emocionou por duas vezes, foram consagrados ainda mais 22 países, cujas conferências episcopais pediram que fossem também consagradas na mesma cerimónia. «Albânia, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Eslováquia, Guatemala, Hungria, India, México, Moldávia, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Perú, Polónia, Quénia, República Dominicana, Roménia, Tanzânia, Timor Leste e Zimbabué, e muitos outros movimentos e comunidades por todo o mundo», declarou o reitor do Santuário de Fátima, Pe. Carlos Cabecinhas, que orientou a recitação do Terço que precedeu a oração de Consagração.

No início da celebração, o Pe. Carlos Cabecinhas anunciou que se iria rezar pelas vítimas «diretas e indiretas da pandemia»; pelos profissionais de saúde, «incansáveis nos seus esforços por socorrer os doentes»; pelas autoridades, «no seu esforço para encontrar soluções»; e pelas famílias.

O responsável católico recordou que na Basílica estão sepultados os santos Francisco e Jacinta Marto, «também eles vítimas de uma pandemia», a gripe pneumónica, que provocou a sua morte em 1919 e 1920, respetivamente, evocando a sua intercessão para «tantos doentes que, nestes dias e de forma dramática, experimentam a solidão do isolamento a que estão sujeitos».

No final da recitação do Terço, de joelhos perante a imagem da Virgem de Fátima, que foi transportada da Capelinha das Aparições para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, onde aconteceu a consagração, D. António Marto proferiu a Consagração, que foi lida em português e espanhol. Quando se dirigia a Nossa Senhora, a sua voz ficou embargada pela emoção ao pedir que a Virgem seja «saúde dos enfermos e refúgio dos teus discípulos gerados junto à cruz do Teu amor» e ao referir a singular hora de sofrimento que o mundo por causa desta pandemia.









Deixamos aqui a oração de Consagração, desgravada a partir das palavras que o Cardeal António Marto proferiu.

«Coração de Jesus Cristo, médico das almas, filho amado e rosto da misericórdia do Pai, a Igreja peregrina sobre a terra, em Portugal e Espanha, nações que tuas são, olha para o teu lado aberto, sua fonte da salvação, e suplicam:
Nesta singular hora de sofrimento, assiste a Igreja, inspira os governantes das nações, ouve os pobres e os aflitos, exalta os humildes e os oprimidos, cura os doentes e os pecadores, levanta os abatidos e os desanimados, e livra-nos da pandemia que nos atinge.

Coração de Jesus Cristo, médico das almas, elevado no alto da cruz e tocado pelos dedos dos discípulos no íntimo do Cenáculo, a igreja peregrina sobre a terra em Portugal e Espanha, nações que tuas são, contempla-te como a imagem do abraço do Pai à humanidade. Esse abraço que, no Espírito do Amor, queremos dar uns aos outros segundo o teu mandato no Lava-pés, e suplicam:
Nesta singular hora de sofrimento, ampara as crianças, os anciãos e os mais vulneráveis, conforta os médicos, os enfermeiros, os profissionais de saúde e os voluntários cuidadores. Fortalece as famílias, e reforça-nos na cidadania e na solidariedade, sê a luz dos moribundos, acolhe no teu reino os defuntos, afasta de nós todo o mal e livra-nos da pandemia que nos atinge.

Coração de Jesus Cristo, médico das almas e filho da Virgem Santa Maria. Pelo coração de tua Mãe, a quem se entrega a igreja peregrina sobre a terra, em Portugal e Espanha, nações que, desde há séculos, suas são, e em tantos outros países, aceita a consagração da tua Igreja.
Ao consagrar-se ao teu Sagrado Coração, entrega-se a Igreja à guarda do Coração Imaculado de Maria, configurado pela luz da tua Páscoa e aqui revelado a três crianças como refúgio e caminho que ao teu coração conduz. Seja a Virgem Santa Maria, a Senhora do Rosário de Fátima, a saúde dos enfermos e o refúgio dos teus discípulos gerados junto à cruz do Teu amor. Seja o Imaculado Coração de Maria, a quem nos entregamos, connosco a dizer:
Nesta singular hora de sofrimento, acolhe os que perecem, dá alento aos que a Ti se consagram e renova o universo e a humanidade. Amén»