Dezenas de milhares de peregrinos estiveram esta quinta-feira, dia 12, em Fátima, no início das comemorações da Peregrinação Aniversária de outubro, que encerra o Centenário das Aparições de Fátima. D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, acolheu os peregrinos no final do dia com uma saudação «cheia de afeto e rica de emoção», sublinhando a importância do «silêncio» e do «clima de oração» no Santuário, onde os peregrinos respeitam o «sentido misterioso da sacralidade do lugar».
O bispo de Leiria-Fátima exortou os cristãos a um «sério exame de consciência» da vivência cristã de cada um, enquanto evocava os «dramas e sofrimentos do mundo inteiro», que exigem respostas de «amor fraterno e solidário, sem distinções nem discriminações».
À noite, e depois da recitação do Terço e da tradicional Procissão das Velas, D. António Marto presidiu à Eucaristia. Na homilia, voltou a reforçar o apelo pela paz, recordando a «oração do Rosário» que invoca «o dom da paz para o mundo». «Aos três pastorinhos Lúcia, Jacinta e Francisco [Maria] recomendou com insistência que se recitasse o rosário todos os dias, para obter o fim da guerra e alcançar a paz», disse o prelado.

Num texto completamente dedicado ao Rosário, D. António Marto afirmou que a «a imagem tradicional da Senhora do Rosário representa Maria com um braço a amparar o Menino Jesus e com o outro apresenta a coroa do rosário a São Domingos». «Esta iconografia é muito significativa: mostra que o Rosário é um meio oferecido pela Virgem para contemplar Jesus e, meditando a sua vida, amá-l'O e segui-l'O sempre fielmente», disse.
Os problemas da seca e das altas temperaturas que continuam a atingir Portugal, com repercussões nos incêndios, foram também lembrados na Oração Universal. «Para que seja concedido ao nosso tempo a chuva tão necessária aos nossos dias e benéfica para a fecundidade da terra e a abundância de colheitas», assim se rezou no Santuário pela chegada da chuva.
No final da Missa, um dos pontos altos do encerramento do Centenário das Aparições. Um espetáculo de vídeomapping, uma produção audiovisual, evocou «a evolução deste lugar ao longo dos últimos cem anos, reconstruindo os fundamentos históricos e espirituais mais importantes relacionados com as aparições da Virgem Maria na Cova da Iria», conforme informou a Sala de Imprensa do Santuário de Fátima.
Reitor quer «abrir um novo capítulo na vida do Santuário»
Ainda de tarde, o reitor do Santuário o Pe. Carlos Cabecinhas, juntou a maestrina Joana Carneiro e o compositor James McMillan para apresentar o concerto realizado pela Orquestra e pelo Coro Gulbenkian, dirigidos por Joana Carneiro, outro dos pontos altos deste encerramento. A maestrina falou aos jornalistas do «privilégio» de participar no encerramento do Centenário das Aparições com um concerto centrado na «expressão contemporânea da espiritualidade da humanidade», o que considerou como um «sinal muito importante», disse citada pela Agência Ecclesia.
MacMillan manifestou, por sua vez, o «prazer» de estar ligado a este projeto, que classificou como um dos «mais entusiasmantes» da sua vida.
O Pe. Carlos Cabecinhas afirmou que a opção por peças mais eruditas para fechar as comemorações se justificada porque «Fátima quer chegar a todos». «Queremos ser englobantes na forma como nos dirigimos aos peregrinos de Fátima, que são muito heterogéneos nos seus gostos», explicou.
No final da apresentação, disse aos jornalistas que «a grande mensagem é que não estamos a falar de um final, mas de um começo», quando questionado sobre a forma como o Santuário estava a encarar o encerramento das comemorações do Centenário, e expressou o desejo de «abrir um novo capítulo na vida do Santuário».
Texto e fotos: Ricardo Perna
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