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Eutanásia: Bispo auxiliar de Braga escreve aos deputados
06.02.2020

D. Nuno Almeida, bispo auxiliar da arquidiocese de Braga, escreveu uma carta pública aos deputados da Assembleia da República a propósito do debate sobre a legalização da eutanásia e do suicídio assistido em Portugal. O prelado exorta os deputados a pensar «conscientemente, livremente e responsavelmente nas pessoas, especialmente nas mais frágeis. No momento de decidir o voto não poderia dar prioridade a estratégias políticas, ideológicas ou a orientações partidárias».



D. Nuno reconhece que «não há dúvida de que há doentes que se sentem mortos psicológica e socialmente (mergulharam numa vida sem sentido e experimentam a mais profunda solidão) e parece-lhes que já só lhes falta morrer biologicamente. Quererão realmente morrer ou quererão sentir-se amados?». Defendendo que «a eutanásia não acaba com o sofrimento, acaba com uma vida!», o bispo auxiliar de Braga diz que «não é lógico contrapor o valor da vida humana ao valor da liberdade e da autonomia». Até porque «a autonomia supõe a vida e sua dignidade. A vida é um bem indisponível, o pressuposto de todos os outros bens terrenos e de todos os direitos. Não pode invocar-se a autonomia contra a vida, pois só é livre quem vive. Não se alcança a liberdade da pessoa com a supressão da vida dessa pessoa. A eutanásia e o suicídio não representam um exercício de liberdade, mas a supressão da própria raiz da liberdade».

Foto: Arquidiocese de Braga

D. Nuno Almeida afirma também que «nunca pode haver a garantia absoluta de que o pedido de eutanásia é verdadeiramente livre, inequívoco e irreversível». O prelado deixa algumas questões aos deputados: «Porquê respeitar a vontade expressa num momento, e não noutro? Que certeza pode haver de que o pedido da morte é bem interpretado, talvez mais expressão de uma vontade de viver de outro modo, sem o sofrimento, a solidão ou a falta de amor experimentados, do que de morrer? Ou de que esse pedido não é mais do que um grito de desespero de quem se sente abandonado e quer chamar a atenção dos outros? Ou de que não é consequência de estados depressivos passíveis de tratamento? Estando em jogo a vida ou a morte, a mínima dúvida a este respeito seria suficiente para optar pela vida (in dubio pro vita).»

O debate sobre a legalização da eutanásia está marcado para dia 20 de fevereiro, na Assembleia da República. A Caminhada pela Vida já convocou uma manifestação contra, pelas 12h30, em frente à Assembleia da República.
 
Texto: Cláudia Sebastião
 

 
 
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