Na sua exortação “A Alegria do Amor”, o Papa Francisco aborda a necessidade dos sacerdotes se prepararem bem para o acompanhamento das famílias das suas comunidades. O Papa refere que «os esposos agradecem que os pastores lhes ofereçam motivações para uma aposta corajosa num amor forte, sólido, duradouro, capaz de enfrentar todos os imprevistos que lhes surjam», mas adianta que «há necessidade duma “formação mais adequada dos presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, catequistas e restantes agentes pastorais”».
Durante os Sínodos, tinha sido levantada esta questão da formação dos sacerdotes, defendendo os participantes na altura que era necessário que as mulheres pudessem tomar parte na formação do sacerdotes. Na exortação, Francisco acrescenta um dado novo, o exemplo dos padres casados das igrejas orientais: « Nas respostas às consultações promovidas em todo o mundo, ressaltou-se que os ministros ordenados carecem, habitualmente, de formação adequada para tratar dos complexos problemas atuais das famílias; para isso, pode ser útil também a experiência da longa tradição oriental dos sacerdotes casados», pode ler-se no ponto 202.
Esta é uma novidade, na senda de algumas conversas e movimentações que se têm promovido na igreja na europa, que apontam para a possibilidade da ordenação de homens casados. D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, já se tinha mostrado favorável a essa situação, e estas palavras do Papa chegam numa altura em que o assunto tem sido debatido de forma especial.
Mas não é apenas por aí que o Papa pretende mudar a formação dos sacerdotes. No ponto 203, diz que «os seminaristas deveriam ter acesso a uma formação interdisciplinar mais ampla sobre namoro e matrimónio, não se limitando à doutrina», principalmente porque «alguns carregam, na sua vida, a experiência da sua própria família ferida, com a ausência de pais e instabilidade emocional».
Em virtude destas realidades, o Papa escreve que «é preciso garantir um amadurecimento, durante a formação, para que os futuros ministros possuam o equilíbrio psíquico que a sua missão lhes exige. Os laços familiares são fundamentais para fortificar a autoestima sadia dos seminaristas», reforça.
Neste sentido, Francisco pede que «as famílias acompanhem todo o processo do Seminário e do sacerdócio, pois ajudam a revigorá-lo de forma realista». «Neste sentido, é salutar a combinação de tempos de vida no Seminário com outros de vida em paróquias, que permitam tomar maior contacto com a realidade concreta das famílias. De facto, ao longo da sua vida pastoral, o sacerdote encontra-se sobretudo com famílias», pode ler-se ainda no ponto 203.
Texto e Foto: Ricardo Perna
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