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Família é «primeiro objetivo» da pastoral
01.01.2016
O cardeal-patriarca de Lisboa alertou hoje para uma “desagregação” sociocultural que tem consequências para a vida das famílias e em questões como o aborto ou a eutanásia.

Na homilia da Missa Crismal a que presidiu na Sé de Lisboa, D. Manuel Clemente falou das “atuais circunstâncias do mundo, com a desagregação sociocultural que deixa tantas vidas sem base humana bastante para as apoiar do nascimento à morte - da conceção à morte natural, convém repetir”.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa evocou igualmente “as urgências humanitárias que não podemos adiar nem iludir em relação às multidões que batem à porta da Europa, com tanto sofrimento das crianças e dos seus pais e mães”. "Em tudo isso se destaca como grande pobreza a colmatar a das famílias que não conseguem ser o que devem ser e que precisamos que sejam”, prosseguiu.

Nesse sentido, sustentou que as famílias devem ser o “primeiro objetivo da pastoral” e “agentes de missão”.

A Missa Crismal, que acontece nas catedrais de todo o mundo, foi concelebrada pelos bispos auxiliares e padres (diocesanos e religiosos) presentes em Lisboa. Durante a cerimónia, os sacerdotes renovaram as promessas feitas no momento da ordenação; foram depois abençoados o óleo dos enfermos, o óleo dos catecúmenos e do crisma.

D. Manuel Clemente desafiou os sacerdotes presentes a “ter um coração pobre para chegar aos pobres”. “Não há nada mais realista do que um sacramento, que é o amor de Deus comprometido com a nossa vida. No caso, é o sacramento da Ordem e todos os pobres esperam por nós”, assinalou.

O cardeal-patriarca adiantou, por outro lado, que está a ser elaborado o “instrumento de trabalho” que reúne reflexões e ensaios, para debate em Sínodo diocesano, de 30 de novembro a 4 de dezembro.

A celebração contou com a participação de centenas de fiéis, reunidos na Sé patriarcal para acompanhar o clero na celebração matinal de Quinta-feira Santa.

Desafios aos sacerdotes e aos fiéis
Todas as dioceses tiveram a sua missa crismal. Em Braga, D. Jorge Ortiga pediu aos sacerdotes da arquidiocese que toquem a vida humana e recusem um "ministério pontual"."É na proximidade com o povo que encontramos caminhos novos para uma espiritualidade sacerdotal. Lamentamos a fuga das pessoas da Igreja e esquecemo-nos que fomos nós a abandoná- las", afirmou durante a homilia da Missa Crismal a que presidiu na Sé de Braga, juntamente com o clero da arquidiocese. "O altar não pode ser o único lugar para mostrar a proximidade", enfatizou o arcebispo.

Na Guarda, D. Manuel Felício pediu ao clero que no Jubileu da Misericórdia estejam atentos aos excluídos. “Os pobres, os prisioneiros, incluindo os que vivem novas formas de escravidão nas sociedades contemporâneas, hão de ser também os nossos preferidos, quanto a procurar caminhos que lhes devolvam a dignidade perdida”, disse, na homilia da celebração matinal de Quinta-feira Santa, enviada à Agência ECCLESIA.

Em Leiria, D António Marto lembrou que o sacramento da reconciliação não é "lavandaria de sujidade", mas o lugar privilegiado para experimentar " misericórdia de Deus". "Infelizmente tem-se posto o acento mais naquilo que o penitente deve fazer, esquecendo que o mais importante é o que Deus realiza em nós: a sua iniciativa de vir a nós com a graça do perdão que torna possível levantar-se, recomeçar, avançar no caminho da conversão e da cura", afirmou D. António Marto na celebração da Missa Crismal a que presidiu esta manhã na Sé de Leiria. O prelado pediu que na catequese e na pastoral "se torne evidente" que este é um "sacramento de cura".

O bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, afirmou hoje que seguir Jesus não é fazer "uma corrida solitária" e pediu por isso uma diocese unida e um episcopado unido como "realização antecipada e nuclear" do projeto de "futura grande comunidade".

Já em Bragança, D. José Cordeiro pediu aos seus sacerdotes que "sujem as mãos". "Àqueles que não querem sujar as mãos na realidade do mundo e da Igreja, avisava Charles Péguy «acabam rapidamente por ficar sem mãos». Por isso, demos as mãos e «mãos à obra»!", afirmou D. José Cordeiro durante a homilia da celebração da Missa Crismal a que presidiu na Sé de Bragança.O bispo de Angra, nos Açores, presidiu esta terça-feira pela primeira vez à Missa Crismal exortando o clero a “redobrar esforços” no serviço de uma sociedade que continua a buscar a “libertação”. Na homilia da eucaristia, que decorreu na Sé de Angra, D. João Lavrador destacou a importância dos sacerdotes trabalharem em conjunto, em “comunhão” e “corresponsabilidade”, para atenderem aos desafios de um território com uma “configuração geográfica” muito particular.“Não fiquemos presos às nossas ideias, aos nossos interesses particulares”, exortou o prelado, pedindo “unidade e sintonia na missão”.
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