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​Fátima «oferece oportunidade do encontro» com Deus
12.05.2021
O Cardeal Tolentino Mendonça considera que o Santuário de Fátima é uma «grande praça que não tem portas e onde todos podem entrar», referindo que Fátima é, «para muitos, local de primeiro anúncio» da fé. O cardeal português, que está em Roma e é responsável pelo Arquivo do Vaticano, está em Fátima para presidir às celebrações do 13 de maio e falava aos jornalistas na habitual conferência de imprensa que precede as celebrações, acompanhado do cardeal António Marto, bispo de Leiria-Fátima, e do reitor do Santuário de Fátima, o Pe. Carlos Cabecinhas.

 
Sobre os tempos de pandemia que vivemos, o cardeal madeirense revelou uma preocupação: que este tempo não se torne numa «crise de esperança», e para isso refere a importância da dimensão espiritual. «Sempre que foi preciso reconstruir o mundo, a dimensão espiritual é uma dimensão chave. Por isso, Fátima, a Igreja, a religião, as religiões, são aliadas do reencontro do homem com a esperança», referiu o prelado.
 
O cardeal Tolentino considerou ainda que este tempo de pandemia está a permitir a construção de um «património das perguntas», com muitas pessoas a questionarem a sua fé e o sentido das suas vidas, que considerou ser uma «dádiva» que «temos de colocar no alforge como bussola para o futuro que aí vem».
 
Na conferência de imprensa, o prelado revelou que chegou a Fátima a pé, tendo feito os últimos quilómetros na companhia de «famílias amigas». «Com algumas famílias amigas, pus-me a caminho a pé e foi assim que cheguei a Fátima mais uma vez, porque quis sentir o que sentem os peregrinos, os que vão estar e a maioria que renunciou a vir e vão acompanhar pelos órgãos de comunicação social que têm uma missão muito importante de aproximação das pessoas neste período histórico», revelou.

 
Esta presença dos peregrinos a pé, que este ano regressaram, mesmo sem o apoio dos postos de socorro ao longo dos caminhos, por contraponto com uma realidade comunitária que mostra um abandono das comunidades, foi o motivo para que o cardeal Tolentino considerasse que santuários e comunidades mais tradicionais, como as paróquias, têm de agir em chave de «complementaridade». «O caminho tem várias etapas, é muito importante o primeiro anúncio e encontro. O que é uma boa notícia é que os santuários voltam a ser lugares de procura espiritual, e é importante que haja esse espaço de acolhimento», referiu, acrescentando em seguida que as comunidades mais tradicionais precisam de «novo dinamismo espiritual».
 
«É preciso que as comunidades cristãs, que diremos tradicionais, também se fortaleçam, cresçam, tenham um novo dinamismo espiritual, aceitem um trabalho de reconfiguração que é necessário, para cada comunidade poder ser resposta às necessidades e à etapa do caminho crente que cada cristão transporta no seu coração. Tenho olhar de esperança para a Igreja contemporânea», afirmou.
 
Vinda do Papa ao santuário em 2023 «reforça importância de Fátima para a juventude»
O Cardeal António Marto também falou aos jornalistas para refletir sobre este tempo de pandemia. O prelado considerou que o «amor fraterno deve fazer a diferença na nossa vida e na caminhada das nossas comunidades». «Comunicar através da entreajuda, cuidado recíproco, concreta fraternidade» é essencial para ultrapassar esta fase difícil.
 
O bispo de Leiria-Fátima aproveitou também a ocasião para reforçar a alegria que sentiu quando o Papa Francisco lhe «confirmou a sua convicção profunda» de que viria a Fátima, no âmbito da sua vinda a Portugal para a Jornada Mundial da Juventude em 2023. «Disse-me textualmente que não teria sentido nenhum ir a Portugal sem ir a Fátima. “Fátima é a alma de Portugal”, cito-o diretamente», afirmou.
 
O prelado afirmou ainda que esta vinda representará uma «oportunidade» para a economia local que «tem sentido fortemente o impacto desta crise».

 
Também presente esteve o reitor do Santuário de Fátima, que revelou a vontade de «voltar a acolher com segurança» os peregrinos mais idosos e doentes, que «sempre tiveram aqui um lugar especial». «Sentimos falta dos peregrinos, mas em especial destes mais frágeis», referiu o sacerdote.
 
Não só os idosos, mas também os jovens, que são «dos mais frágeis não pela saúde, mas pela falta de horizontes e esperanças».
 
O reitor anunciou ainda que o santuário enfrentou um «aumento exponencial» de pedidos de ajuda durante a pandemia, aos quais procuraram dar respostas, apoiando os «mais carenciados, sejam instituições ou pessoas» diretamente, e criticou o Estado que «não prevê apoios» ao nível, por exemplo, de óculos e próteses, o que deixou muitas pessoas com carências nessas áreas. «O desafio não é novo, mas sentimo-lo mais urgente», referiu.
 
Apesar dos tempos difíceis, o reitor, questionado pelos jornalistas, refere que «o santuário tem uma situação financeira que permite, com responsabilidade, corresponder aos seus compromissos». «A situação é difícil, mas estável», revelou.

A Peregrinação Aniversária de maio tem início hoje, pelas 21h30, com a recitação do Terço e a Procissão das Velas, seguida de eucaristia presidida pelo CArdeal Tolentino Mendonça. Amanhã, dia 13, haverá eucaristia pela manhã, presidida também pelo cardeal. São esperadas 7500 peregrinos, já que foi esse o limite imposto pelas autoridades de saúde para o evento.

 
Texto e fotos: Ricardo Perna
 
 
 
 
 
 
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