Não há receitas para pais perfeitos, filhos mais-que-perfeitos e educações exemplares. Mas, na verdade, a maioria dos pais anseia por ser tão perfeito quanto possível no amor que transmite aos filhos, nos valores que lhes incute, na educação que lhes passa, nas ferramentas que lhes ensina.
Ser pai, com tudo o que traz de felicidade acrescida, acarreta muitos momentos de dúvida, incerteza, insegurança. Estará a fazer um bom trabalho? Estará a educar uma futura boa pessoa? Estará a permitir que a criança cresça com ferramentas? Mas, acima de tudo, estará a fazer do seu filho uma criança feliz, equilibrada, tranquila, segura?
Com a colaboração de Carolina Justino, psicóloga e psicoterapeuta, elegemos alguns aspetos que poderão ser importantes na relação com os seus filhos e que poderão contribuir para que eles sejam crianças felizes. Uma das coisas que pode pôr de lado já de princípio, na opinião da psicóloga, é a ideia da perfeição. Por vários motivos. Não só não há pais perfeitos, como não há filhos perfeitos.
Algumas coisas que o seu filho espera de si:
1 – Que não seja perfeito e não espere que ele o seja.
2 – Que lhe crie rotinas.
3 – Que lhe diga não e lhe estabeleça limites.
4 – Que o saiba e queira ouvir.
5 – Que o proteja, mas lhe dê asas para voar.
6 – Que o ajude a melhorar, mas sobretudo que o encoraje.
7 – Que seja um bom exemplo.
8 – Que seja sempre pai ou mãe.
9 – Que o ame incondicionalmente.
Saiba mais:
No que diz respeito aos filhos, o importante é perceber que os pais fazem o melhor que podem, por um lado, e que por outro, não sendo perfeitos, também o aceitam naturalmente como imperfeito. «Se os pais se apresentam como muito perfeitos e exigem da criança somente a perfeição, não há espaço para erro. Isto cria uma angústia na criança muito grande. É quase como “tenho de fazer tudo aquilo que os meus pais esperam de mim senão eles deixam de gostar de mim”», descreve.
Um outro aspeto que ajuda a tranquilizar as crianças é o estabelecimento de rotinas. Relacionada com o estabelecimento de rotinas surge a criação de limites. O seu filho, para se sentir seguro e até mesmo feliz, tem de saber que lhe vai dizer que não! «Uma criança sem limites é uma criança que vive aterrorizada porque não sabe com o que é que conta. E muitas vezes as crianças acabam por ter maus comportamentos no sentido de tentar acordar os pais; diga-me que não, mostrem-me que gostam de mim», alerta Carolina Justino.
Saber ouvir é uma virtude e perceber que os outros nos estão a ouvir é um conforto, um alento. Por isso, outra coisa que o seu filho espera de si é que o escute, que esteja lá como ombro para ele poder desabafar, que compreenda os seus receios, os seus medos, mas que ouça também as suas alegrias, as suas conquistas. Nem sempre isto é fácil, mas para o seu filho é precioso.
Os pais deverão estar atentos a alterações de comportamento, porque nem sempre as crianças conseguem verbalizar o que as aflige e, muitas vezes, não conseguem resolver os problemas sozinhas. Em fases menos graves, os pais deverão ajudar a criança a resolver o problema por si, antes de ir a correr para a escola porque teve um desentendimento com um colega. Mas se for uma situação muito grave, as crianças precisam de poder contar com eles.
Educar pelo exemplo parece ser, na opinião de Carolina Justino, a melhor maneira de educar. «A criança aprende a relacionar-se com os outros, relacionando-se com os pais, mas também observando a forma como os pais se relacionam com os outros. Parece-me complicado educar uma criança sob o lema “faz o que eu te digo, não faças o que eu faço”», alerta.
Seja sempre pai ou mãe, independentemente das circunstâncias. Numa situação em que pai e mãe estejam juntos é importante não só funcionar como um só relativamente à educação da criança, mas também manter uma relação de casal baseada no respeito, no amor e no afeto, pois será esse o modelo principal que a criança interiorizará.
E finalmente, mas não menos importante, o seu filho espera de si que o ame incondicionalmente e que o demonstre, que lhe diga que gosta dele, que lhe dê carinho, colo, um beijo.
Texto: Rita Bruno
Foto: pt.freeimages.com
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