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Fim da Rádio Sim: arcebispos de Braga e Évora manifestam «apreensão e surpresa»
08.01.2020
D. Jorge Ortiga diz ter acolhido «com apreensão e surpresa a decisão, por parte da gerência da Rádio Renascença, de “descontinuar” a Rádio Sim». No mesmo sentido de não ter sido informado, D. Francisco Senra Coelho, escreve num comunicado, ter recebido «uma comunicação pessoal da parte do Ex.mo Conselho de Gerência do Grupo Renascença, avisando que nessa mesma manhã, seria comunicado aos colaboradores da “Rádio Sim” a sua descontinuidade, ou seja o fim desse projeto radiofónico». Depois de ter recebido muitos pedidos de esclarecimento, resolveu emitir o comunicado, afirmando que «a nossa arquidiocese não foi convidada a participar em qualquer encontro que tenha a ver com esta decisão. Porém, mantém-se permanentemente disponível para dialogar sobre os diversos temas de comum interesse e sobre a possibilidade de alguma possível presença radiofónica regional para o futuro».

D. Francisco Senra Coelho garante que o programa de rádio «Ser Igreja» vai continuar.

D. Jorge Ortiga e D. Francisco Senra Coelho manifestam solidariedade com os trabalhadores e lembram o «vazio» provocado com o encerramento da Rádio. «A Rádio Sim era uma presença da Igreja na comunicação social com grande acolhimento por parte dos cristãos. Num tempo em que cresce o número de idosos em Portugal, a Igreja deveria ser-lhes próxima, produzindo conteúdos que lhes proporcionassem companhia e os ajudassem, muito concretamente, a viver, aprofundar e a celebrar a fé. Bem como a serem informados sobre a atualidade da Igreja», lamenta D. Jorge Ortiga. D. Francisco Senra Coelho afirma que «sendo a Nossa arquidiocese um território interior marcado pelo envelhecimento e pela consequente desertificação populacional, claro que o desaparecimento da Rádio Sim, provoca um vazio e empobrecimento da presença da amizade e solidariedade cristã feita companhia junto destas nossas camadas populacionais». Tanto o arcebispo de Évora como o de Braga afirmam sentir-se interpelados a procurar formas de continuar este trabalho. «Claro que nos fica a interpelação de como continuar este trabalho, a todos pedimos oração para que o Senhor interceda por nós e nos inspire, na certeza de que não ficaremos parados», diz D. Francisco Senra Coelho. Já D. Jorge Ortiga afirma: «Acreditamos na força e na importância dos meios de comunicação social. A arquidiocese repensará a sua presença na rádio — sem perder muito tempo — e garantirá aos cristãos mais simples e humildes a escuta da voz da Igreja». O arcebispo de Braga salienta que esta notícia de fecho da Rádio Sim foi debatido com o Cabido Metropolita que quis também «marcar a sua incompreensão e tristeza pelo sucedido».

D. Jorge Ortiga quer continuar com projeto local.

D. Jorge Ortiga relembra que, para apoiar a experiência desta rádio, a arquidiocese «foi renunciando a diversas iniciativas de índole local» e «disponibilizou gratuitamente, para o efeito, espaços e motivou as pessoas para uma generosidade em prol de um projeto de abrangência nacional». O mesmo aconteceu em Évora. «A arquidiocese, como é sua missão, sempre pôs ao inteiro dispor da Emissora Católica, os seus estúdios de Évora e Elvas. Neste contexto agradece também à Fundação Eugénio de Almeida, por ter cedido os seus terrenos para a instalação das antenas e dos emissores». D. Francisco Senra Coelho agradece a todos os trabalhadores, colaboradores e rádios locais que passavam o programa Ser Igreja, da arquidiocese.

Em declarações à Agência Ecclesia, o presidente do Conselho de Gerência do Grupo Renascença Multimédia, disse compreender «os sentimentos de desacordo». D. Américo Aguiar explica que «em causa está um processo que tem de ter presente as respostas dos colaboradores às propostas que lhes foram feitas, que ainda estamos a analisar, e os auditórios das várias rádios do Grupo Renascença. O presidente do Conselho de Gerência afirma que esta decisão de descontinuar a Rádio Sim está incluída «num processo de reposicionamento das várias rádios do grupo, em análise nos últimos meses, que envolve um vasto leque de questões, todas elas a ser consideradas».

D. Américo Aguiar é presidente do Conselho de Gerência do Grupo Renascença Multimédia.
 
A decisão de «descontinuar» a Rádio Sim foi comunicada publicamente no dia 3 de janeiro. Num comunicado, a Rádio anunciava: «A Rádio Sim, que iniciou as suas emissões em 2008, irá ser descontinuada em breve, por motivos de sustentabilidade económica, estando a ser pensadas soluções para continuar a acompanhar o respetivo público-alvo». O Grupo Renascença Multimédia dizia pretender «continuar a servir» os mais idosos. «Apesar de todos os esforços desenvolvidos, a sustentabilidade económica do projeto nunca foi atingida, durante estes 11 anos atividade. De resto, a Rádio Sim foi a primeira experiência de um projeto de rádio completamente estruturado a pensar no público sénior, mas, infelizmente, sem alcançar a indispensável viabilidade económica», pode ler-se no comunicado.

A Rádio Sim faz parte do Grupo Renascença Multimédia, cujos acionistas são o Patriarcado de Lisboa (60%) e a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que reúne todos os bispos do país, (40%). O porta-voz da CEP ainda não se pronunciou sobre a decisão acerca do fim da rádio. Há reunião do Conselho Permanente no próximo dia 14.
 
Texto: Cláudia Sebastião com Agência Ecclesia
 
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