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​Igreja quer alimentar a espiritualidade na família para prevenir crises
11.06.2021
Está a decorrer, em formato virtual, o Congresso Mundial “Em que ponto estamos relativamente à Amoris Laetitia?”, uma iniciativa do Dicastério para os Leigos, Família e Vida (Santa Sé) que reúne responsáveis de 70 Conferências Episcopais e mais de 30 associações e movimentos internacionais, entre os quais Isabel e Francisco Pombas, o casal diretor do Departamento Nacional da Pastoral Familiar em Portugal.

 
Os trabalhos, sob o tema ‘Estratégias de aplicação pastoral da Exortação do Papa Francisco’, inserem-se no ano especial que a Igreja Católica vive, para reflexão sobre a sua ação pastoral junto das famílias.
 
Neste terceiro dia, o foco recaiu sobre o fortalecimento da espiritualidade na família, como forma de preparar e ajudar a superar as crises que surgem durante a relação. Neste sentido, o Pe. Renzo Bonetti, atual assistente espiritual do Projeto Mistero Grande, e ex-diretor do Gabinete Nacional para a Pastoral das Famílias da Conferência Episcopal Italiana, explicou logo a diferença entre espiritualidade conjugal e espiritualidade familiar: «a primeira é um caminho de fé centrado nos esposos como casal, enquanto a segunda é mais ampla e inclui mais familiares, por exemplo, os filhos», declarou, citado pelo portal de notícias do Dicastério dos Leigos, Família e Vida, que publica diariamente resumos do dia.
 
A capacidade de entender e abraçar ambas as espiritualidades é chave para o fortalecimento da vida em casal e precisa de ser construída «dia pós dia», com «gestos quotidianos nos quais se experimenta a presença mística do Senhor ressuscitado, uma presença que se deve cultivar pela escuta da Palavra de Deus, pelo exercício da reconciliação, pela participação na Eucaristia e pela assiduidade à oração», referiu o mesmo sacerdote.
 
Sobre a missão da família, o segundo tema do dia, Marie Gabrielle e Emanuel Ménager (França), consultores do Dicastério, explicaram de que forma a missão é a «consequência natural de uma espiritualidade conjugal bem entendida». «Com efeito, o dom do matrimónio, como todos os dons do Espírito Santo, é ordenado não só à santificação e salvação dos esposos, mas também ao bem de todos, logo, à missão: assim como da pequena família doméstica se constrói a Igreja, da mesma forma acontece com a grande família humana dos Filhos de Deus. Neste sentido, o casal é um dom precioso para a evangelização», referiu o casal.


 
Educação dos filhos e o catecumenato no casamento
Os dois primeiros dias de fórum online decorreram com intervenções em áreas diferentes. O Papa Francisco abriu os trabalhos com uma mensagem vídeo, onde referiu que a Igreja Católica precisa de investir mais no acompanhamento das famílias «feridas» e na preparação para o matrimónio, como ficou definido após as assembleias do Sínodo em 2014 e 2015. «Alguns desses desafios ainda demoram em ser enfrentados e requerem um renovado impulso pastoral nalgumas áreas particulares: penso na preparação para o matrimónio, no acompanhamento dos jovens casais, na educação, na atenção aos idosos, na proximidade com as famílias feridas ou que, numa nova união, desejam de viver plenamente a experiência cristã», precisou Francisco.
 
Nesse sentido, o primeiro dia foi dedicado ao catecumenato no casamento, e à importância dos formadores. Gabriella Gambino, subsecretária para a Família e a Vida do Dicastério, frisou reiteradamente a importância da formação «dos acompanhadores — casais, sacerdotes e agentes pastorais em geral — para que possuam uma formação e um estilo de acompanhamento adequados ao caminho catecumenal». «Não se trata tanto de transmitir noções ou de adquirir competências, mas muito mais de orientar, ajudar e estar próximo dos casais ao longo de um caminho a trilhar juntos», referiu esta responsável.
 
Depois de assegurar isto, importa garantir que a educação dos filhos é a adequada, tema que foi central no segundo dia de trabalhos. Consolidar a educação dos filhos é o tema do cap. 7 de Amoris Laetitia e, segundo Luis e Pilar Jensen, do Chile, consultores do Dicastério, «pode ser abordado respondendo juntos a três perguntas: 1. Os nossos filhos sentem-se amados? 2. Os nossos filhos sabem amar? 3. Os nossos filhos sentem-se amados por Deus?»
 
A partir dessas três perguntas, «tão importantes», é possível «criar percursos de acompanhamento para os pais, para que tenham as ferramentas para educar melhor os seus filhos a partir da sua experiência pessoal e familiar».


Em todos os dias, os participantes têm revelado que é essencial ilustrar todas as intervenções e todos os temas com casos práticos e de sucesso sobre cada matéria, prática que se deverá manter até ao último dia do congresso, dia 12.

 
Texto: Ricardo Perna
Fotos: Dicastério para os Leigos, Família e Vida
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