Depois de o Governo ter anunciado que as cerimónias religiosas comunitárias retomariam apenas no final do mês de maio, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou hoje o regresso das Missas comunitárias a 30 de maio, véspera da Solenidade do Pentecostes. «A data depende ainda da avaliação que o Governo se propõe fazer da situação, nesta primeira etapa do desconfinamento. As Dioceses insulares terão em conta as indicações das respetivas autoridades regionais», indica um comunicado da CEP, enviado à FAMÍLIA CRISTÃ.

O documento surge após a Resolução do Conselho de Ministros n.º 33-C/2020, que estabelece uma estratégia de levantamento de medidas de confinamento no âmbito do combate à pandemia da doença COVID-19, prevendo o reinício das «celebrações comunitárias de acordo com regras a estabelecer entre DGS e confissões religiosas», mas apenas para a terceira fase de desconfinamento, sendo uma das últimas atividades a ser permitidas. «Comungamos do sofrimento de tantos cristãos privados da participação efetiva na celebração sacramental da Eucaristia, cume e centro da vida cristã, na esperança de um mais rápido reinício das celebrações comunitárias da Eucaristia, fonte da nossa alegria pascal», escrevem os responsáveis pelo organismo episcopal.
O documento não inclui quaisquer indicações sobre como serão retomadas as celebrações litúrgicas. «Proximamente daremos indicações comuns sobre aspetos litúrgicos e medidas sanitárias a ter em conta nas celebrações e nos templos, as quais poderão ser utilizadas pelas Dioceses, em coordenação com as autoridades locais de saúde no que diz respeito aos procedimentos práticos», anuncia a CEP.
Antes de mais, a principal novidade é que as igrejas passarão a estar abertas «para oração individual» no imediato. «As igrejas podem estar abertas durante o dia para visitas individuais, desde que se observem os requisitos determinados pelas autoridades de saúde», escrevem os bispos.
Novidades também para a Reconciliação e as Exéquias. Para o sacramento da Reconciliação, que antes estava, em algumas dioceses, totalmente proibido a não ser em situações de extrema necessidade, passa a ser possível retomar a normalidade. Apenas será necessário «seguir as normas de segurança de saúde e garantir o devido distanciamento entre o confessor e o penitente, protegendo sempre o inviolável segredo da confissão».
Já as exéquias cristãs passam a ser celebradas no templo (com celebração da Palavra ou da Eucaristia) «e/ou no cemitério com a presença dos familiares», tendo em conta as normas de segurança que impeçam a transmissão do novo coronavírus, o que também é uma novidade.
O comunicado divulgado hoje pelos bispos católicos determina que as celebrações dos sacramentos que implicam contacto físico, devem ser adiadas para o próximo ano pastoral ou, nalguns casos particulares como o batismo e a unção dos doentes, «podem ser realizadas com as devidas cautelas de saúde e normas de segurança». Para além disso, também «procissões, festas, concentrações religiosas, acampamentos e outras atividades similares passíveis de forte propagação da epidemia» ficarão adiadas para o próximo ano pastoral.
Quanto às catequeses e outras ações formativas, «continuarão a ser realizadas apenas por meios telemáticos até ao final deste ano pastoral», que coincide, no essencial, com o ano letivo.
Os bispos católicos agradecem «à população em geral e aos cristãos em particular pela atitude responsável de prevenção ao longo desta situação», seguindo as normas e orientações da Igreja e das autoridades governamentais e de saúde, e esperam que se mantenha a responsabilidade cívica de todos os cidadãos, em atitude de prudência e de acatamento das decisões das autoridades governamentais e de saúde, para que não aconteça um retrocesso rápido da situação».
Os bispos tiveram ainda uma palavra de oração para as vítimas da pandemia, suas famílias e profissionais envolvidos no combate ao novo coronavírus. «Rezamos pelas inúmeras vítimas desta epidemia e seus familiares, estamos solidários com os doentes infetados por este terrível vírus e agradecemos o precioso trabalho dos que estão na linha da frente como os profissionais de saúde, as forças de segurança e os que trabalham nos lares e outras instituições sociais», acrescenta a nota.
Texto e fotos: Ricardo Perna (com Agência Ecclesia)
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