O arcebispo de Braga diz que os portugueses têm direito à indignação por causa dos incêndios. Em entrevista à TSF, D. Jorge Ortiga afirmou: «Teremos que nos indignar, sem dúvida nenhuma, e exigir que tudo isto suscite respostas bem concretas, de modo a que não fiquemos pelas palavras, pelos discursos e para que algo de novo possa acontecer.»
O arcebispo de Braga defendeu que o Governo deve assumir responsabilidades e afirmou que «o que está para trás está para trás. Tiremos conclusões, mas projetemos o futuro em termos de uma responsabilidade, que é de todos – e quem nos governa tem de assumir, em primeiro lugar, essa responsabilidade».
Em entrevista a partir de Braga, D. Jorge Ortiga diz que a tragédia dos incêndios nos «obriga a parar, a tomar consciência da realidade e, sobretudo, a agir. Temos de nos comprometer nesta ação, todos nós».

Além disso, o arcebispo chama a atenção para os interesses que podem estar a ganhar com os fogos. «Pode acontecer que, com os incêndios, alguém esteja a enriquecer. Por isso, é necessário denunciar essa situação e não permitir que sejam favorecidos os interesses de particulares.» Para os incendiários, pede «uma mão firme», defendendo que é «preciso corrigir aqueles que erram e procurar reintegrá-los na sociedade».
Já no domingo, dia 15 de outubro, D. Jorge Ortiga tinha escrito no Twitter: «Basta de discursos e de boas intenções! É preciso apurar responsabilidades e agir.»
Pobreza vai aumentar
A Cáritas Portuguesa afirma que os incêndios vão aumentar a pobreza. Num comunicado enviado às redações, Eugénio da Fonseca afirma que «estes horríveis e criminosos incêndios – que também estão a ocorrer noutras regiões do mundo irão contribuir – a curto, médio e longo prazo - para o crescimento da pobreza». A afirmação está incluída na mensagem a propósito do dia internacional da erradicação da pobreza.
Protestos marcados para Palácio de Belém
Está a ser convocada pelo facebook uma manifestação em frente ao Palácio de Belém, pelas 19h30. Com o nome
«Chega de inação», o promotor Paulo Gorjão quer "fazer sentir com a nossa presença a repulsa pelo que está a ocorrer e disso dar conta ao Presidente. Chega de inacção». Para o mesmo local e para a mesma hora está marcada também o protesto «
Vão de férias – Protesto Civil e apartidário». No texto do evento pode ler-se: «“Vão de férias” - PROTESTO Civil e apartidário contra a incompetência e desresponsabilização política». A iniciativa é marcada por seis pessoas. Estes são alguns dos protestos criados na rede social.
Estes protestos junto ao palácio de Belém, residência oficial do Presidente da República, acontecem numa altura em que se espera que o Presidente da República fale sobre os incêndios. Marcelo Rebelo de Sousa, numa
nota colocada na página da Presidência, «reafirma urgência de agir». O presidente prometeu que falaria ao país depois da «rápida estabilização dos fogos e o balanço da tragédia». Além disso, informou que iria visitar as principais áreas ardidas. Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou também o apelo «a uma mudança de ponto de vista, traduzida em atos e não em palavras. O que acabou de suceder só dá razão acrescida à sua intervenção de sábado passado».
Presidente da República vai falar ao país
O Presidente da República disse que falaria depois do primeiro-ministro e António Costa falou ao início da noite de segunda-feira, dia 16, ao país. De gravata preta, defendeu que «não é tempo de demissões, mas de soluções». Daí que tenha convocado um Conselho de Ministros para este sábado com o objetivo de «traduzir em reformas efetivas» as recomendações que foram feitas pelo relatório da Comissão Técnica Independente ao incêndio de Pedrógão Grande.
Por todo o país estão a surgir protestos. Eis alguns:
- Quarta-feira, dia 18, às 21h00, na Praça Rodrigues Lobo, em Leiria, «Todos Juntos Pela Reflorestação Do pinhal De Leiria», .
- Sexta-feira, dia 20, 18h, Avenida Central, Braga, «Incêndios, até quando? Concentração em Braga».
- Sábado, dia 21, 18h, Assembleia da República ou nas sedes de concelho, «Basta! Por um Futuro Sustentável!»
Os incêndios deste fim de semana por todo o país provocaram, pelo menos, 36 mortos, sete desaparecidos e 62 feridos, dos quais 15 graves. Há quatro meses, incêndios em Pedrógão Grande fizeram, pelo menos, 64 mortos e mais de 250 feridos.