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Israel - Irão: Perigo eminente
11.07.2018
No início de maio, quando as atenções mundiais estavam concentradas no que se passava na península coreana, algo de muito importante aconteceu no Médio Oriente.


Aviões de combate israelitas entraram no espaço aéreo sírio e executaram dezenas de ataques contra alvos naquele país. O próprio Estado-Maior israelita descreveu esta ação como «a maior ali realizada em décadas», mas não foi isso que a tornou tão importante. A nacionalidade dos alvos é que faz toda a diferença, porque eram iranianos e não sírios, como seria de esperar.
Esta ofensiva sem precedentes visou bases e meios da Força Al Quds da Guarda Revolucionária do Irão, a força militar mais importante do regime xiita. O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, garantiu que a sua Força Aérea «tinha atingido toda a infraestrutura iraniana na Síria». Os russos, que também têm uma presença militar importante naquele país, contaram 28 aviões de combate e 70 mísseis israelitas disparados.

Moscovo garantiu que mais de metade destes últimos foram abatidos pelas baterias antiaéreas de Damasco, mas tudo indica que isso não corresponde à realidade. Israel afirmou ter destruído cinco dessas baterias e há notícias de que alguns países árabes se mostraram muito impressionados com a capacidade israelita de atacar com eficácia, precisão e impunidade um conjunto tão grande de alvos.

A causa imediata de tudo isto foi o bombardeamento realizado pelo Hezbollah e por milícias pró-iranianas contra território israelita a partir de posições nos Montes Golan, na fronteira sírio-israelita. Isto levou o governo de Telavive a acusar pela primeira vez Teerão de estar a atacar diretamente Israel. Na sequência dos ataques aéreos, Avigdor Lieberman garantiu que o seu país não permitiria que a Síria se tornasse numa «base avançada» do Irão.
Apesar de o sistema antimíssil “Cúpula de Ferro” dar aos israelitas uma grande proteção em relação aos ataques de artilharia e com mísseis que possam vir da Síria, a verdade é que a guerra civil naquele país constitui um risco acrescido muito importante para a segurança de Israel.

O problema para Israel é que esta situação tirou autonomia ao governo de Damasco para controlar a ação dos seus aliados dentro do seu próprio território. Russos e iranianos têm agora milhares de combatentes na Síria e bases permanentes cada vez mais importantes, o que significa que vieram para ficar – pelo menos no curto e médio prazo.

Dado que Israel já tem de enfrentar a ameaça do Hezbollah, no Líbano, que na última guerra, há 12 anos, deu muitos problemas ao seu exército, isto significa que a sua fronteira Norte está agora muito mais exposta ao risco.
Esse risco poderia ser muito mitigado por um enquadramento mais pacífico do Irão nas relações internacionais, mas o que está a acontecer é exatamente o oposto. A 8 de maio, dois dias antes de os israelitas lançarem os seus ataques aéreos na Síria, o presidente dos Estados Unidos anunciou a retirada do seu país do acordo de 2015 sobre o programa nuclear iraniano.

Sem esse compromisso estratégico entre os EUA e o Irão, muitos observadores temem que qualquer incidente mais grave na fronteira israelo-síria possa provocar uma guerra generalizada, de grande escala, com o Irão. Israel nunca acreditou que o acordo internacional de 2015 fosse suficiente para travar as ambições nucleares iranianas e que Teerão alguma vez tenha desistido de ter a bomba atómica. Se esse eventual conflito fronteiriço escalar para algo mais grave, Israel pode sentir-se suficientemente apoiado pela administração Trump para destruir o Irão militarmente. O custo humano seria incalculável.
 
Texto: Rolando Santos
Fotos: Mil.ru e Andrew Shiva
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