Desde que São João Paulo II criou a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que esta tem sido uma data aguardada com expectativa por centenas de milhares de jovens, que enchem as ruas das cidades que acolhem a JMJ e deixam para trás um rasto de bom comportamento, fé, oração e muito civismo. São dias em que a oração e a festa se misturam numa miscelânea feliz, à qual se acrescenta a proximidade do episcopado, e do Papa, às populações jovens. Todos os contingentes dos diferentes países são normalmente acompanhados por bispos que dão catequeses nas diferentes línguas e partilham com os jovens desta sua alegria.

De Portugal vão seguir para o Panamá mais de 300 jovens, segundo nos explica o Pe. Filipe Diniz, diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), um número «surpreendente», considerando que esta JMJ, ao contrário da maioria, decorre no final de janeiro, numa altura de escola e exames na faculdade. «Para mim foi surpreendente, mas é sinal de que a experiência da JMJ anterior é extremamente interessante. A JMJ marca, porque é um evento a nível mundial, com jovens de todo o mundo que vão fazer esta experiência e desligar um pouco do que é a sua realidade local, e deixar aulas e exames universitários. É muito interessante que disponham do seu tempo e façam esta experiência», considera o sacerdote, que irá liderar o contingente juvenil da Conferência Episcopal Portuguesa.
Com estes jovens seguem seis bispos: D. Manuel Clemente, D. Joaquim Mendes, D. Virgílio Antunes, D. Manuel Felício, D. Nuno Almeida e D. José Cordeiro, e «já temos indicação que irão seis bispos portugueses e todos irão dar catequese em português», conta o Pe. Filipe.
A realização do Sínodo dos Jovens em outubro foi uma altura de promoção deste evento junto dos participantes de vários países. Em conversa na altura com a FAMÍLIA CRISTÃ, o arcebispo do Panamá, D. José Domingo Ulloa Mendieta, convidou os jovens de Portugal e da Europa a participar no evento. «Convidamos os jovens europeus, para que participem com a juventude do mundo», referiu, adiantando na altura que existiam já mais de 140 delegações nacionais confirmadas, dos cinco continentes.
Conforme é habitual, e porque nem todos os grupos de jovens portugueses seguem na mesma comitiva, está a ser preparado um encontro para todos os jovens portugueses com os bispos lá presentes. «Neste momento estamos a tentar fazer um encontro dos jovens de Portugal com os nossos bispos. Queremos ter um momento com os bispos que vão estar presentes, todos os jovens que estão a viver nas congregações e nos movimentos…», revela o Pe. Filipe.
Como no final de todos os sínodos anteriores, o Papa deve pronunciar-se de forma oficial sobre o Sínodo dos Jovens, e o Pe. Filipe espera que seja um «presente» a entregar por altura da JMJ. «Certamente que o Papa enviará alguma exortação ou carta acerca do que foi o sínodo por altura da JMJ. Isto é a minha opinião, mas acredito vivamente que deva sair alguma carta ou exortação, como presente», acredita.

Uma confirmação à qual se seguiu outra, mais significativa para o nosso país: Lisboa é candidata a acolher a próxima JMJ, em 2022. Na comunicação social circularam várias notícias que dão eco de a decisão já ter sido tomada, mas a Igreja desmentiu essa informação, alegando que a mesma só é anunciada pelo Papa na missa conclusiva da JMJ, e o Pe. Filipe confirma isso mesmo. «A candidatura foi colocada, isso posso confirmar. Aguardemos pela resposta. Não sei quem são as outras candidaturas, só sei que Lisboa é uma das candidatas, foi o Patriarcado quem colocou a candidatura.»
Este seria, provavelmente, o maior evento alguma vez realizado em Portugal, e não apenas religioso, pois poderia trazer ao nosso país mais de um milhão de jovens vindos de todos os continentes do mundo. «É muito difícil falar disto, acredito que se isso sair… não sei, é muito complicado. Seria um grande desafio para Portugal, e uma abertura de horizontes», afirma o diretor do DNPJ.
Texto: Ricardo Perna
Fotos: Erick Barrios e Tete Olivella | JMJ Panama 2019
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