O Papa entregou hoje a uma delegação portuguesa, na Basílica de São Pedro, a Cruz da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), cuja próxima edição internacional decorre em Lisboa (2023). «É um passo importante na peregrinação que nos levará a Lisboa, em 2023», disse, no final da Missa a que presidiu, na Basílica de São Pedro.

A intervenção decorreu perante representantes das dioceses de Portugal e do Panamá, que acolheu a JMJ em 2019. «Dirijo uma saudação particular aos jovens panamenhos e portugueses, aqui representados por duas delegações que, em breve, realizarão o gesto significativo da passagem da Cruz e do Ícone de Maria ‘Salus Populi Romani’, símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude», referiu Francisco, que aplaudiu este momento simbólico.
O Papa anunciou ainda novidades relativamente à celebração da JMJ a nível diocesano. «Passados 35 anos da instituição da JMJ, depois de ter ouvido o parecer de várias pessoas e o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida – que é competente no que se refere à Pastoral Juvenil – decidi transferir, a partir do próximo ano, a celebração diocesana da JMJ do Domingo de Ramos para o Domingo de Cristo Rei», declarou. «No centro, continua a estar o Mistério de Jesus Cristo Redentor do homem, como sempre destacou São João Paulo II, iniciador e patrono da JMJ», acrescentou.
O gesto simbólico passagem da Cruz, dos jovens do Panamá para os de Lisboa estava previsto para o último Domingo de Ramos (5 de abril), mas foi adiado por causa da pandemia. «Queridos jovens, gritai com a vossa vida que Cristo vive e reina! Se vos calardes, gritarão as pedras», pediu o Papa às delegações presentes.
Concelebraram com o Papa o cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e os cardeais portugueses D. José Tolentino Mendonça e D. Manuel Clemente; os bispos auxiliares de Lisboa D. Américo Aguiar e D. Joaquim Mendes, coordenadores-gerais do Comité Organizador Local da JMJ 2023; e três sacerdotes: Pe. Filipe Diniz, diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil; os padres José Alfredo Patrício e António Estêvão Fernandes, reitor e vice-reitor do Colégio Pontifício Português, que colaboram com as atividades da JMJ 2023 em Roma.
A delegação portuguesa esteve presente em vários momentos da celebração, tanto no momento das leituras como na oração universal. A Cruz Peregrina foi entregue a Fernando Vieira (Diocese de Braga), Guilhermino Sarmento, (Diocese de Lisboa) e João Amaral (Diocese das Forças Armadas e de Segurança). As jovens Tatiana Severino (Diocese do Porto) e Daniela Calças (Diocese de Lisboa) receberam o Ícone de Nossa Senhora.
O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que tutela a área da juventude, participou nesta cerimónia, em representação do primeiro-ministro de Portugal. Na impossibilidade de estar presente, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem pessoal ao Papa Francisco através da delegação portuguesa.
Papa desafia jovens a irem «ao encontro dos outros»
O cardeal-patriarca de Lisboa disse hoje no Vaticano que os jovens católicos são desafiados a ir «ao encontro dos outros, das necessidades dos outros», em resposta aos apelos do Papa, na passagem dos símbolos das Jornadas Mundiais. «Foi muito bonito que o Papa, na homilia, tenha pegado nas obras de misericórdia para dizer aos jovens – aos que cá estavam e aos de todo o mundo, que também seguiram – que são o melhor ideal possível, as obras de misericórdia concretizadas na vida», referiu D. Manuel Clemente, em declarações aos jornalistas, após a Missa que decorreu na Basílica de São Pedro.
Sobre a entrega da Cruz e do Ícone da JMJ, o Cardeal-Patriarca referiu ter sido «marcante». «Foi um momento marcante, num caminho que já anda como sonho há muito tempo e agora começa a ser cada vez mais realidade», referiu D. Manuel Clemente.
O cardeal-patriarca de Lisboa elogiou o trabalho desenvolvido no mundo universitário, onde jovens católicos «têm feito muitas realizações a propósito da misericórdia, da caridade, aproximando-se das pessoas, de terras, vilas e aldeias, na Missão País e outras missões, campos de férias, que eles organizam».
D. Manuel Clemente aludiu, por exemplo, à colaboração nos lares onde há falta de pessoal, por causa da pandemia, «Tudo isto é um caudal de misericórdia que é a melhor garantia de futuro. As jornadas nasceram deste caudal e agora reforçam-se nestas iniciativas, que vão no mesmo sentido», apontou.
O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que tutela a área da juventude, participou nesta cerimónia, em representação do primeiro-ministro de Portugal.
O responsável disse aos jornalistas que o Papa tem representado «uma mensagem de esperança para todo o mundo», promovendo a paz e o diálogo, da educação, em particular das mulheres, e do «papel ativo» da juventude, para a «construção de sociedades mais maduras».
Tiago Brandão Rodrigues desejou que a JMJ 2023 sejam um «lugar de encontro», um pouco por todo o país. «As Jornadas Mundiais da Juventude são sinais, jornadas de trabalho, de encontro», realçou. Questionado sobre os desafios lançados aos jovens e educadores pelo Papa Francisco, o ministro declarou que «é importante pensar nas coisas a médio, longo prazo, ir acumulando blocos, na construção desta casa comum».
Jovens contam experiência «incrível»
A Cruz Peregrina foi entregue a três jovens portugueses, entre eles Fernando Vieira (Diocese de Braga), para quem que foi «uma honra» participar neste momento, que considera «o arranque para uma grande Jornada», em 2023, «com muito trabalho e muitos jovens envolvidos».
Guilhermino Sarmento, (Diocese de Lisboa) destaca que a passagem simbólica ajuda a «ganhar a consciência de que as Jornadas estão já aí, à porta». «Foi uma experiência incrível e que levo como memória muito agradecida para Portugal», acrescentou.
João Amaral (Diocese das Forças Armadas e de Segurança) considerou «um grande privilégio» representar o país e a sua diocese, nesta entrega dos símbolos da JMJ. «Espero que possamos receber os jovens de todo o mundo como fomos recebidos aqui», desejou.
As duas jovens que receberam o Ícone de Nossa Senhora, por sua vez, falam num gesto que tornou mais «real» a certeza de que a JMJ se vai realizar em Portugal. Tatiana Severino (Diocese do Porto) sublinha que «vai começar agora a grande responsabilidade» na preparação do evento.
Daniela Calças (Diocese de Lisboa) fala numa experiência «inesquecível», no dia do seu aniversário. «Hoje foi mais um passo desta grande caminhada que temos pela frente», aponta.
Texto: Ricardo Perna (com Agência Ecclesia)
Fotos: JMJ Lisboa 2023
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