Foi apresentado publicamente o livro Contra a Eutanásia, do médico francês Lucien Israël. No lançamento estiveram os médicos Gentil Martins e Germano de Sousa. Luís Paulino Pereira assina o prefácio e apresentou a obra na Feira do Livro de Lisboa. O médico defende que a obra «é um verdadeiro apelo à vida de um indivíduo que se diz agnóstico. E de que forma faz um apelo à vida? Primeiro citando as verdadeiras maravilhas da medicina. Depois, tudo aquilo que é preciso fazer para preservar a vida».
Este médico concorda com a tese de Lucien Israël, exposta na obra. «No livro, ele diz que para preservar a vida é preciso educação para valores e investir e repensar o problema da família.» Luís Paulino Pereira afirma que o médico francês defende que «os médicos deviam ser escolhidos pelas suas qualidades morais. Devia ser bonito entre nós. Temos cada vez mais licenciados em medicina e cada vez temos menos médicos».
No lançamento da obra, estiveram presentes dezenas de pessoas, entre as quais os médicos Gentil Martins e Germano de Sousa. O cirurgião plástico e pediátrico afirma: «A nossa Constituição diz no Art. 44.º que a vida humana é inviolável. Eu julguei que inviolável é algo que não é alterável, em português. Se a Constituição da República Portuguesa diz que a vida humana é inviolável como é que depois podem aprovar a eutanásia?» Gentil Martins sublinha que a «Associação Médica Mundial fez uma declaração em 2013 repudiando a atitude dos médicos holandeses e considerando antiética qualquer atitude de eutanásia por parte de um médico».
Gentil Martins é católico, Germano de Sousa não. O antigo bastonário da Ordem dos Médicos considera errado colocar o debate sobre a legalização da eutanásia apenas na esfera do religioso. «Sou contra a eutanásia. Não me movem questões religiosas. Movem-me questões de ética e deontologia.» E quais são essas razões para um não-crente? «A importância da vida é de tal modo fundamental e estrutural de uma sociedade que aceitar a eutanásia contribui para a desestruturação da sociedade como a conhecemos.» Germano de Sousa sublinha ainda que aceitar a eutanásia «é destruir as bases da nossa profissão de médicos». O argumento de proporcionar uma morte digna a quem pede para morrer não convence este antigo bastonário dos médicos. «Não há piedade que justifique matar uma pessoa. Hoje em dia há cuidados paliativos e seria preferível que todas as pessoas que falam disto fizessem tudo para exigir os cuidados paliativos. Só há 30% e devia haver 100%.»
O livro Contra a eutanásia, de Lucien Israël, marca o relançamento da Multinova, que há uma década não publicava qualquer obra. Lucien Israël foi um grande médico e professor de medicina na área de oncologia e pneumologista.