Declarações da psicóloga Maria José Vilaça geraram polémica e Ordem dos Psicólogos decidiu comunicar os factos ao Conselho Jurisdicional para inquérito.
Num artigo sobre
ideologia de género, a psicóloga Maria José Vilaça defendeu que para acolher e aceitar um filho homossexual, os pais não precisam de aceitar a homossexualidade: «“Eu aceito o meu filho, amo-o se calhar até mais, porque sei que ele vive de uma forma que eu sei que não é natural e que o faz sofrer.” É como ter um filho toxicodependente, não vou dizer que é bom.»
Durante o fim de semana, vários blogues ligados à comunidade LGBT (
dezanove.pt e
escrevergay.com) criticaram a psicóloga e pediram explicações à Ordem dos Psicólogos.
Esta segunda-feira, também os homossexuais católicos reagiram a toda esta polémica. No blogue
Rumos Novos, Pedro Leote diz: «Não concordando com parte do conteúdo e achando infeliz o exemplo encontrado, notamos o apelo ao acolhimento e amor dos pais por qualquer filho ou filha que seja homossexual, ainda que não concordando estes com essa mesma orientação sexual. Parece-nos ser este o caminho a seguir: amar e acolher genuinamente.» O autor do texto, lamenta ainda a pressa em «rotular de homofóbica toda a pessoa que discorda de nós, que tem uma opinião diversa sobre a homossexualidade, mesmo que não incite ao ódio contra quem quer que seja».
Na sua página do facebook, Maria José Vilaça esclareceu o sentido do que disse: «O que disse é que perante um filho que tem um comportamento com o qual os pais não concordam, devem na mesma acolhê-lo e amá-lo. A toxicodependência é apenas exemplo de comportamento que por vezes leva os pais a rejeitar o filho. Não é uma comparação sobre a homossexualidade mas sobre a atitude diante dela.»
Mesmo assim, a Ordem dos Psicólogos (OPP) decidiu abrir um inquérito. Em
comunicado, a direção diz que «não se revê nas afirmações proferidas e adianta que estas não representam a opinião da OPP». Defende ainda que «estas declarações não apresentam qualquer tipo de base científica e que considera que estas apenas contrariam a defesa dos direitos humanos, da evolução e equilíbrio social». Por considerar de «extrema gravidade» as declarações foi feita uma participação ao Conselho Jurisdicional.