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Manifestação contra a eutanásia junta muitas centenas em São Bento
29.05.2018
Muitas centenas de portugueses manifestaram-se esta tarde junto à Assembleia da República contra a legalização da eutanásia.
Entre os manifestantes encontravam-se algumas personalidades como o médico Gentil Martins, D. Duarte de Bragança e muitos deputados do CDS e alguns do PSD.



D. Duarte disse ter sentido o dever de estar presente porque «cada vez mais a vida humana fica nas mãos do Estado, de médicos, dos empresários». Ele acredita que «o que vai acontecer é que pessoas doentes sentir-se-ão obrigadas a aceitar uma eutanásia por pressão económica, quem sabe pela família ou pelo Estado». Entre as palavras de ordem ouviam-se «Viva a Vida, eutanásia não!» e «Vida sim, eutanásia não».

No palco, na parte de trás de uma camioneta de caixa aberta, Isilda Pegado, presidente da Federação Portuguesa pela Vida, lamentou o tratamento desigual das petições a favor da eutanásia e da vida. «Neste parlamento, entraram duas petições: uma a favor da eutanásia com oito mil assinaturas e seguiu o seu processo. A outra com o dobro das assinaturas, 16 mil, entrou aqui há 15 meses e ainda está por debater. Não podemos calar esta forma de a política se fazer.» Isilda Pegado condenou ainda que não se tenha esperado pelos pareceres do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, escolheu falar para os deputados que estão indecisos: «esta lei nãpo é uma lei qualquer. Estão em causa os alicerces da nossa sociedade e da nossa ordem jurídica. Ribeiro Castro, antigo deputado do CDS, disse estar triste e questionou: «Porque é que não se ouvem as ordens profissionais dos médicos e dos enfermeiros? É uma questão que põe em causa profundamente a democracia representativa. Nenhum deputado que está lá dentro tem mandato para votar e propor esta questão», disse. Ao mesmo tempo, dirigiu-se diretamente aos deputados do PSD: «Eu votei na PAV (Portugal à Frente- PSD e CDS) Eu sou contra! Quem é que me dá a garantia de que todos os deputados da PAV cão votar contra?!»

Alguns deputados do PSD marcaram presença na manifestação, entre os quais Duarte Pacheco e Nuno Serra. Sandra Pereira, deputada social-democrata, afirmou: «Hoje seremos chamados a votar uma das matérias mais importantes deste mandato. Só se consegue exercer a liberdade em vida. Não há liberdade na morte e mais em mais falar em dignidade na morte sem precaver a dignidade na vida não me parece oportuno.» Esta deputada teme que se a lei for aprovada «é o Estado a dizer que há vidas que valem mais do que outras, nós a favor da inviolabilidade da vida, votaremos contra». A bancada social-democrata vai ser essencial para aprovar ou rejeitar as iniciativas.

A presidente do CDS também se juntou aos manifestantes. Em declarações aos jornalistas defendeu que os partidos que propõem a legalização da eutanásia não estão legitimados para isso. Assunção Cristas explica que «além das razões de fundo que nos levam a opor-nos à eutanásia, entendemos que há razões políticas muito sérias que levassem a que esta matéria não fosse aprovada agora. Os deputados estão aqui não para se representarem a si próprios mas para representar os portugueses que os elegeram».
 
Reportagem: Cláudia Sebastião
Fotos: Ricardo Perna
 
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