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«Maria é mestra que pela mão nos conduz»
08.06.2018
D. Carlos Azevedo é membro do Conselho Pontifício para a Cultura e assina, com a PAULUS Editora, uma obra que visa auxiliar na meditação dos mistérios do Rosário. Juntamente com os textos, a obra contém aguarelas de Avelino Leite, que procuram, segundo o autor em entrevista à FAMÍLIA CRISTÃ, «complementar» a mensagem contida nos textos.


Como surgiu a ideia de transformar estas meditações em livro?
Queria alargar a diversos leitores e comunidades textos preparados, deixados na gaveta, agora completados e refeitos para aceitar o desafio do pintor Avelino Leite que desejava registar as suas aguarelas oferecidas ao Papa Bento XVI em 2010.

As pinturas ajudam a enriquecer a reflexão? Como?
A capacidade da beleza vibrar nos corações é mais profunda do que as palavras. Isso acontece sobretudo quando o artista é imbuído do espírito dos passos da vida de Cristo e de Santa Maria e, em simples manchas de cor, evoca a força simbólica dos mistérios contemplados. Deixar que cada imagem entre no olhar e fale complementará e irá além dos textos.

Há sempre uma novidade inerente à reflexão sobre o Rosário?
Nós dizemos contemplar os mistérios, mas tantas vezes resta pouco lugar para a autêntica contemplação, para entrar na voragem e mansidão dos mistérios cristãos, que seduzem e transformam.

Conseguimos, seja em que mistério for, encontrar respostas para as questões dos dias de hoje?
A contemplação conduz ao concreto das faces e facetas da vida real e ajuda a encontrar um novo olhar sobre a sociedade e sobre a vida pessoal e familiar. Por exemplo, nos mistérios dolorosos não se contempla a dor. Seria doentio. Contemplamos é o modo novo como Jesus viveu a dor e a morte. A oração cristã é essencialmente escuta contemplativa para converter a vida aos critérios do Reino de Deus. Encontrar a vontade de Deus em cada dia nasce no silêncio contemplativo.

Que importância tem, ou não, esta divisão em mistérios tão distintos, para quem reza?
O pão partido aos bocadinhos, no dizer do Pe. Manuel Bernardes, mastiga-se melhor. Assim acontece com a profundidade dos factos mais salientes da vida cristã. A tradicional devoção do Rosário, alargada pelo Papa São João Paulo II a factos evangélicos da vida ativa de Cristo, é um modo simples para passar pelas diversas atitudes da espiritualidade cristã. A passagem pelos diversos episódios permite não reduzir à sensibilidade própria ou de um específico momento que se vive, mas atender à dimensão de gozo, de sofrimento, à luz e à glória, que equilibram a vivência pessoal.

O que é que o leitor pode retirar da leitura desta obra?
O meu desejo é que o leitor e sobretudo o orante encontre inspiração para desenvolver - segundo o Espírito Santo, presente na vida de cada pessoa - a sua contemplação. Propõe-se uma linguagem não só teologicamente correta, mas sempre pautada por Cristo. Maria é mestra que pela mão nos conduz para entrarmos nos mistérios da vida e da história da salvação, situados nesta hora.
 
Entrevista e fotos: Ricardo Perna
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