O novo itinerário de preparação catecumenal para o matrimónio que foi apresentado hoje no Congresso Pastoral do X Encontro Mundial das Famílias não faz «magia» e vai ser um «caminho árduo» para a sua implementação, mas «não vamos pôr a hipótese de não o vamos pôr a funcionar», garantem Vasco e Margarida Sá Nogueira, elementos do Departamento Nacional da Pastoral Familiar (DNPF) que estão no Vaticano para a participar no evento organizado pelo Dicastério dos Leigos, Família e Vida e pela Diocese de Roma.

 
O casal considera que as expetativas estão a ser superadas. «O programa está muito bem feito, muito cuidadoso, e acho que vamos daqui muito mais ricos», garante Vasco Sá Nogueira, ao que a esposa Maria acrescenta que «sobretudo porque encontramos aqui pessoas de todo o mundo, de todos os países, e através dos testemunhos deles, percebemos que há muitos problemas que são comuns a muitas famílias, independentemente de onde vêm». «Enquanto católicos, faz-nos sentir mais próximos, porque os nossos problemas são partilhados e vividos por outras famílias, e conseguimos perceber, através dos testemunhos, como é que muitos desses problemas foram superados. Acho que é uma experiência muito enriquecedora», garante esta leiga.
 
Um dos pontos altos do dia foi a apresentação do itinerário de preparação catecumenal para o matrimónio, documento que havia sido publicado pelo Dicastério dos Leigos, Família e Vida há uns dias e que requer revitalizar a preparação para o matrimónio. Vasco Sá Nogueira defende que «o novo itinerário de preparação para o matrimónio é uma das grandes novidades que levamos daqui». «O Papa com este documento de preparação verdadeiramente séria vem apontar objetivos e dar diretivas para as diferentes conferências episcopais, bispos, padres, casais e pessoas em geral que estão empenhadas nesta matéria».
 
Objetivos que são ambiciosos, com mudanças estruturais e que, por isso, não vão ser implementados de imediato, conforme pede o documento, mas que deixam uma garantia que tem de ser «muito clara» para os casais de noivos. «Se os noivos estão decididos a constituir famílias verdadeiramente cristãs, têm de perceber que há um caminho a desenvolver e que esse caminho não é uma exigência, é um dom que a Igreja lhes concede, e que só lhes vai trazer benefícios para a família que irão constituir», explica Margarida Sá Nogueira.
 
Este documento procura vir ajudar a resolver aquilo que Margarida Sá Nogueira reconhece ser uma «lacuna grande» no trabalho da pastoral familiar nesta área da preparação para o matrimónio e no acompanhamento dos casais jovens.
 
Uma mudança que pode enriquecer o caminho dos noivos, mas que pode, por outro lado e pelo menos de início, afastar alguns dos que pretendiam casar pela Igreja, mas não estão disponíveis para um percurso de mais de um ano de preparação. Vasco Sá Nogueira não se preocupa com isso e avisa que, se [a Igreja] não está preparada, tem de se preparar» para perder essas pessoas, e explica que «não podemos achar que o matrimónio é um sacramento de 2ª ou 3ª categoria». «Se um casal quiser batizar um filho em idade de catequese, o filho tem um itinerário de dois ou três anos para ser batizado, já não falando do filho que queira ser sacerdote, que está 6 ou 7 anos a preparar-se, no mínimo. Se é para o matrimónio, um fim de semana chega?», questiona este responsável do DNPF.
 
Margarida Sá Nogueira também não está preocupada com números ou estatísticas, mas sim com o «bem maior». «A nossa preocupação é que estamos a fazer alguma coisa para, no futuro, termos famílias mais felizes e mais consistentes. Isto é por um bem maior, portanto não temos de estar preocupados com os números», conclui.

A reportagem em Roma no âmbito do X Encontro Mundial das Famílias resulta de uma parceria entre a Família Cristã, a Agência Ecclesia, o Diário do Minho e a Associação de Imprensa de Inspiração Cristã.