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Ministro da Defesa propõe «globalização como um bem»
13.12.2017
O Ministro da Defesa esteve recentemente no encontro dos países do Mediterrâneo. Em 2018, vão discutir as migrações. No regresso, em Lisboa, na apresentação de um livro com as atas de um seminário sobre «Paz e futuro da Humanidade», deixou algumas pistas para reflexão: «A pressão migratória e de refugiados, em Lampedusa, convoca ou não uma questão de defesa? O financiamento dessas redes é ou não uma ameaça à paz? As redes organizadas que promovem redes de tráfego de pessoas e que podem cobrar até 3 mil euros por pessoas?» Mas Azeredo Lopes não deixou as perguntas sem resposta e defendeu que «sim desde que não pensemos que a ameaça passam a ser os migrantes. No dia em que pensarmos que a ameaça são eles estamos a branquear os que beneficiam com as redes».



O ministro levantou ainda outras questões éticas. «Pobreza e fome podem ser promotoras de violência. Mas há estudos fascinantes que mostram que, por vezes, os conflitos são tão mais violentos e cruéis quanto mais riqueza está disponível em determinado território.» Para responder a estas dúvidas e problemas éticos, de segurança e defesa, Azeredo Lopes propõe que se olhe a globalização como algo positivo e que «talvez devamos procurar resposta para estas angústias talvez na tal globalização pensando que promoveríamos a globalização como um bem para terceiros». 

De uma coisa o ministro da Defesa tem a certeza: as forças armadas portuguesas têm nota máxima na ética e há provas disso. «Como é importante podermos, olhos nos olhos, dizer a quem quer que seja que, em todas as missões em que participamos, nunca um militar português foi acusado de qualquer conduta imprópria ou de uma violação de leis éticas. Não há coincidência nestas coisas. Devo notar a formação notável», afirmou orgulhoso. Azeredo Lopes lembrou os casos de denúncias de abusos sexuais que têm acontecido em situações de missões de paz internacionais. «É bom que possamos dizer: nunca tivemos nenhum caso destes!»



A intervenção do ministro da Defesa aconteceu no edifício da Marinha Portuguesa, durante a apresentação do livro Paz e futuro da Humanidade, da PAULUS Editora, que inclui as atas de um seminário organizado por D. Manuel Linda, bispo das Forças Armadas e da Segurança, em maio de 2017.  Depois deste debate sobre a paz e o futuro da Humanidade, D. Manuel Linda desafia todos a debater temas éticos no âmbito da defesa e segurança. «Se nos juntássemos e se nos sentássemos para refletir sobre temas tão complexos e tão difíceis. O Concílio Vaticano II falava da aceleração da história. Que tal juntarmo-nos para reflectir sobre o domínio ético?» Está dado o mote para o próximo debate.
 
Texto: Cláudia Sebastião
Fotos: António Miguel Fonseca
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