A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou hoje as indicações que devem ser observadas nas celebrações litúrgicas públicas, que deverão recomeçar no fim-de-semana de 30 maio, conforme indicado no comunicado anterior e nas informações do Governo.

Muitas das indicações já eram conhecidas e esperadas, mas existia alguma curiosidade em perceber algumas das questões mais sensíveis relacionadas com a lotação das igrejas e os procedimentos a executar durante as celebrações.
Assim, a CEP não estabelece uma lotação máxima em cada igreja, fazendo depender esta lotação da «dimensão da igreja e as regras aplicáveis, pelas autoridades competentes, a todos os eventos em espaços fechados». No entanto, especifica que «deve respeitar-se a distância mínima de segurança entre participantes de modo que cada fiel disponha, só para si, de um espaço mínimo de 4m2», e que devem ser tomadas as medidas necessárias, «por ex: barrando acesso a alguns bancos ou alternando as filas, afastando cadeiras; marcando os lugares com cores ou outra sinalética».
Mesmo não definindo lotações, os bispos assumem que o número de participantes, em alguns locais, será bastante menor que o habitual, pelo que sugerem, «para evitar que alguns fiéis sejam mandados embora ao chegar a uma igreja com a lotação já preenchida», que, «onde for viável», sejam feitas «diligências de reserva e numeração dos lugares», ou ainda que se privilegie «o acesso, rotativamente, aos diferentes lugares, povoações ou arruamentos de cada comunidade cristã». Os bispos sugerem ainda que, nos locais onde os sacerdotes já celebrem o máximo de eucaristias «canonicamente permitido», que exista a oferta de «celebrações na ausência de presbítero, com distribuição da comunhão, nas condições previstas».
Uma das questões que se colocava prendia-se com a possibilidade de famílias que já convivam em casa poderem ficar juntas, o que permitiria aumentar o número de participantes nas celebrações. Os bispos confirmam essa possibilidade, indicando que «não se separam as famílias ou os que vivem na mesma casa». Para além disso, estabelecem a criação de equipas de acolhimento, que devem «velar pelo correto decorrer das entradas», ter as portas abertas antes da cerimónia e logo no final, e garantir que «as primeiras pessoas a entrar devem ocupar os lugares mais distantes da porta de entrada».
Outra questão prendia-se com a utilização, ou não, da máscara, por causa da Comunhão. A decisão dos bispos vai no sentido de a utilização de máscara por parte de todos os fiéis ser «obrigatória», «a qual só deverá ser retirada no momento da receção da Comunhão eucarística».
Às equipas de acolhimento cabe também garantir que «os fiéis devem higienizar as mãos à entrada da igreja com um produto desinfetante». «As pessoas a quem a comunidade cristã confia esta tarefa porão à disposição frascos dispensadores com uma quantidade suficiente de produto desinfetante e verificarão que todos, sem exceção, desinfetam as mãos», pedem os bispos.
Durante a missa, os bispos pedem que, quem sentia «algum mal-estar durante a celebração devem sair imediatamente, acompanhadas pelas pessoas que a comunidade cristã tiver designado».
Ainda durante a eucaristia, e ao contrário da Alemanha, onde foram suspensos os cânticos, os bispos recomendam que, «para a dinamização musical das celebrações», haja «um número adequado de cantores, acompanhados de algum instrumento, de preferência o órgão», apesar de não ser possível haver distribuição de livros cânticos ou de folhas com os mesmos.
O ofertório não será feito durante a missa, havendo para o efeito «recipientes» que «serão apresentados à saída da igreja pela equipa de ordem e acolhimento, seguindo os critérios de segurança apontados».
No que diz respeito à comunhão, a indicação é de que a máscara deve ser retirada nesse momento e as filas «devem respeitar o distanciamento aconselhado». «Se for o caso, marcar-se-ão as distâncias no pavimento da igreja. Sendo inevitável uma maior proximidade, os ministros que a distribuem usarão máscara». A comunhão será distribuída em silêncio, e o «diálogo individual da Comunhão («Corpo de Cristo». – “Amen.”) pronunciar-se-á de forma coletiva depois da resposta “Senhor, eu não sou digno…”.
No final da missa, o mesmo grupo de acolhimento deve garantir que as portas de saída são abertas «depois da bênção final». «Os fiéis deixam a igreja, segundo uma ordem fixada em cada comunidade cristã no respeito pelas regras de distanciamento, e não se aglomeram diante da igreja. Algum membro da equipa de acolhimento e ordem velará por isso. As primeiras pessoas a sair devem ser as que estão mais próximas da porta de saída».
No final da eucaristia, a igreja deve arejar «durante pelo menos 30 minutos, e os pontos de contacto (vasos sagrados, livros litúrgicos, objetos, bancos, puxadores e maçanetas das portas, instalações sanitárias) devem ser cuidadosamente desinfetados».
No que diz respeito a outras celebrações, como batismos, confirmações, exéquias, reconciliação, unção dos enfermos, matrimónios, visitas às igrejas e ordenações a CEP emitiu uma série de indicações que visam minimizar os contactos existentes nessas celebrações, a fim de permitir a sua realização neste tempo de desconfinamento. No que diz respeito às atividades pastorais, peregrinações e romarias, foi mantida a decisão de as cancelar.
Pode ler
aqui todas as indicações em pormenor para as celebrações.
Texto e foto: Ricardo Perna
Continuar a ler