D. Manuel Clemente acredita que o Presidente da República agirá quando tiver de decidir acerca da eutanásia. Até agora, Marcelo Rebelo de Sousa não se tem querido pronunciar sobre o assunto. O cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirma que «não é preciso fazer esse apelo [à intervenção] porque o senhor Presidente da República tem-se mostrado muito consciente das suas responsabilidades e, por isso, não deixará de as exercer. Não preciso sequer de apelar». Quanto ao atual silêncio de Marcelo Rebelo de Sousa, D. Manuel Clemente vê-o com naturalidade: «Dá o seu tempo à instância devida e quando for o caso dele com certeza também tomará responsabilidades.»
O cardeal-patriarca de Lisboa participou no colóquio «Eutanásia e cultura do cuidado». Durante cerca de cinco horas ouviu o professor de ética Theo A. Boer, professores de direito e médicos debaterem a eutanásia e as suas implicações legais, médicas e sociais. No final, mantinha uma convicção: «Acredito que as pessoas que estão na Assembleia da República e na sociedade são pessoas com consciência e por isso mesmo esta informação fará que decidam da melhor maneira. E a melhor maneira só pode ser resolver um problema realmente existente e que afeta tantas pessoas que estão doentes e que estão desacompanhadas e acompanhá-las mais com os cuidados paliativos com certeza e com uma sociedade que não se torne paliativa.»
Theo A. Boer sublinhou que foi convidado para fazer parte dos Comités de Revisão da Eutanásia, que acompanhavam os casos reportados, por ter algumas reservas. D. Manuel Clemente acredita que é possível o diálogo entre quem é a favor e contra a eutanásia. «Como eleitos pela nação eles têm uma responsabilidade acrescida e quero acreditar na boa consciência de todos e de cada um e acredito nisso», defendeu.
Reportagem e fotos: Cláudia Sebastião
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