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«Nenhum país tem futuro se o motor que o congrega é a vingança ou o ódio»
06.09.2019
O Papa Francisco defende que «nenhum país tem futuro se o motor que os congrega e une as diferenças é a vingança ou o ódio». Na homilia da Missa no Estádio de Zimpeto, Maputo, o Santo Padre refletiu sobre o perdão em torno do pedido de Jesus: «Amai os vossos inimigos.»

Foto: Vatican Media

Olhando para a história de Moçambique, o Papa disse que «temos de pôr-nos de acordo» e que «não posso seguir Jesus, se seguir a política de olho por olho dente por dente». «É difícil de falar de reconciliação quando ainda estão vivas as feridas de tantos anos de discórdia. Perdão que não significa que se esqueça o sofrimento nem pedir que se cancele a memória nem os ideais», defendeu. A medida da reconciliação é o amor: «Jesus convida a amar e a fazer o bem. Isto é muito mais do que ignorar a pessoa que nos prejudicou ou esforçar-se por que não se cruzem nas nossas vidas. Exige uma bondade ativa e extraordinária para com aqueles que nos feriram. Mas Jesus não fica por aí. Pede que os abençoemos e rezemos pela Igreja. Isto é: que o nosso falar deles seja um bendizer, gerador de vida e não de morte; que pronunciemos os seus nomes não com insulta ou vingança, mas para inaugurar um novo vinculo que inaugure a paz. Alta é a medida que o mestre nos propõe.»

Francisco denunciou a corrupção e afirmou que «é triste quando isto acontece com irmãos da mesma terra. A corrupção como o preço que temos de pagar pela ajuda externa. Não seja assim entre vós».

Foto: Vatican Media

Lembrando o pedido de Jesus para amar os inimigos, o Sumo Pontífice salientou que esse é um «caminho estreito que requer algumas virtudes, porque jesus não é um idealista que ignora a realidade. Jesus está a falar de um inimigo real: aquele que nos odeia, expulsa, rejeita». Mas Jesus sabe do que fala, «não nos convida a um amor abstrato, etéreo ou teórico redigido em escrivaninhas para discursos. O caminho que nos propõe é o que ele fez na Cruz». Para o futuro e aos fiéis e autoridades de Moçambique, o Papa deixou algumas dicas: «Se Jesus for o árbitro entre as decisões complexas do nosso país, então Moçambique tem garantido um futuro de esperança. Então o vosso país cantará a Deus com gratidão e de todo o coração salmos e cânticos inspirados.»

No estádio cheio de pessoas que resistiam à chuva, cantando e dançando, Francisco pediu: «Por favor, guardai a esperança. Não deixeis que vo-la roubem. Não há melhor maneira de guardar a esperança do que manter-se unidos.»

Foto: Vatican Media

Antes da Missa, o Santo Padre esteve no hospital de Zimpeto. A viagem apostólica do Papa a Moçambique termina com a cerimónia de despedida no Aeroporto de Maputo. Depois, Francisco segue para Madagáscar e Ilhas Maurícias.
 
Texto: Cláudia Sebastião
Fotos: Vatican Media
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