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Nos passos de São Nuno, o nosso Condestável
29.07.2021
Existem santos desde que existe a Igreja. Pessoas boas, de carácter, que servem de exemplo de fé, dedicação, empenho, a todos quantos professam a fé católica, e não só... E Portugal não foge à regra. São 9 os santos portugueses, canonizados pela Igreja Católica, 10 se contarmos com a exceção de Santa Joana Princesa, que, apesar de ser chamada de santa, é apenas beata.
Para melhor os conhecermos, percorremos o país à procura dos seus locais de origem, do que ainda pode ser visitado, a fim de que se possa conhecer melhor cada um deles. É uma boa sugestão de viagem para a família, pois alia a beleza do nosso país e do património religioso às histórias destas figuras que tanto nos podem inspirar a todos.




É um dos santos mais recentes, tendo sido canonizado em 2009 pelo Papa Bento XVI. Mas viveu nos tempos áureos da luta pela independência portuguesa, sendo um dos militares mais respeitados do país. Encontra-se sepultado na igreja do Santo Condestável, em Lisboa, erigida em 1951 para dar resposta à necessidade de encontrar um espaço digno para o seu túmulo, que desde o terramoto andava meio perdido, mas os seus espaços são bem mais que esses.

Nascido em Cernache do Bonjardim, perto da Sertã, a bravura em batalha valeu-lhe o cognome de Condestável, expressa na famosa tática do quadrado com que um exército português muito inferior em número conseguiu derrotar o exército espanhol em Aljubarrota, ajudando a garantir a independência portuguesa, conseguida pouco tempo antes.

Dessa memória, o Mosteiro da Batalha, mandado construir por D. João I, como agradecimento pelo resultado da batalha de Aljubarrota, faz memória da figura de São Nuno com uma grande estátua à sua porta.



Mas S. Nuno nunca procurou protagonismo. Depois de anos a servir militarmente Portugal, e na posse de várias propriedades e riquezas, refugia-se no Convento do Carmo, que fundou, e é ali que passa os seus últimos anos, como frade carmelita, despojado de todos os seus bens.

Foto © singra13/Wikimedia Commons
Reza a história que, um dia, o rei de Castela terá ido visitar S. Nuno ao convento do Carmo, perguntando-lhe o que ele faria se Castela voltasse a invadir, e que ele terá mostrado uma cota de malha por baixo do hábito, como que a dizer que estava pronto para lutar. Uma disponibilidade para o serviço na defesa de Portugal, a juntar à sua enorme espiritualidade.

O túmulo de Dom Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terramoto de 1755. O seu epitáfio era: “Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo.”



Na homilia da celebração da sua canonização, o Papa Bento XVI falou sobre as suas virtudes. «Sinto-me feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar nomeadamente pela presença duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de caráter militar e bélico, é possível atuar e realizar os valores e princípios da vida cristã, sobretudo se esta é colocada ao serviço do bem comum e da glória de Deus», afirmou Bento XVI.

 
Locais para visitar e conhecer melhor São Nuno de Santa Maria:
Convento do Carmo: Largo do Carmo, 1200-092 Lisboa
Igreja do Santo Condestável: R. Saraiva de Carvalho, 1350-318 Lisboa
Mosteiro da Batalha: Largo Infante Dom Henrique, 2440-109 Batalha
 
Fotos e texto: Ricardo Perna
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