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Tetraplégica luta por vida independente: «Pagamos para estar presos»
04.01.2019


Anne Caroline Soares é uma pessoa «de bem com a vida, extrovertida». Tem uma lesão medular e é tetraplégica na sequência de um despiste na autoestrada, quando tinha 24 anos. Hoje está nos 40. Já escreveu quatro livros infantis e o seu maior sonho é conseguir um emprego e ter uma vida independente. Para alguém como ela, coisas tão simples como tomar banho, levantar-se da cama ou vestir-se não acontecem quando quer e quantas vezes quer. «Não existe em Portugal um serviço para deitar pessoas dependentes. Agora os deficientes estão unidos e estamos a lutar por uma Vida Independente. Tem sido uma luta das pessoas com deficiência em Portugal. Queremos ter assistentes pessoais que nos ajudem nas nossas casas, sem termos de ir para um lar», lamenta. O projeto Vida Independente tem sido uma exigência dos deficientes portugueses e é já uma realidade em outros países europeus. Há um ano foi aprovado o Modelo de Apoio à Vida Independente pelo Governo, que prevê a criação de Centros de Apoio à Vida Independente. Serão eles a receber o financiamento e a gerir a medida, o recrutamento, a distribuição e a gestão de cada assistente pessoal. Para já começaram só no final do ano de 2018, a ser assinados os contratos. O Governo prevê que sejam apoiadas 722 beneficiários e contratados 592 assistentes pessoais.
Para muitas pessoas, a única opção é viver num lar. Anne Caroline vive com a mãe e recusa a ideia de viver numa instituição. «Não faz bem nem a nível mental, psicológico para pessoas que estão bem emocionalmente. Até porque nós pagamos para estarmos institucionalizados. Pagamos para estar presos. As pessoas não têm noção, acham que é uma maravilha, mas até para tomar um café é preciso autorização do diretor», enfatiza.