Na preparação para a sua visita a Moçambique, num roteiro que o levará ainda às Ilhas Maurícias e a Madagascar, o Papa Francisco enviou uma mensagem em vídeo ao povo moçambicano, onde saúda, agradece os esforços na preparação da visita e explica que vai ao país para procurar a «reconciliação fraterna em Moçambique e na África inteira, única esperança para uma paz firme e duradoura».
Aquando da divulgação do programa oficial, muitos exprimiram a sua tristeza por Francisco não se deslocar à Beira para visitar as populações atingidas pelo ciclone Idai, e essa tristeza terá chegado aos ouvidos do Papa. Por isso, a primeira coisa que assegura aos moçambicanos é que, «apesar de não me poder deslocar para além da capital, o meu coração alcança e abraço todos vós», reservando um lugar «especial», diz, «para quantos vivem atribulados».
No vídeo, Francisco afirma que vai ver como «cresce» a «sementeira feita pelo meu predecessor, S. João Paulo II», que visitou Moçambique em 1988, quanto a guerra civil dizimava o país e pediu paz. O Papa Francisco não irá encontrar a mesma situação de guerra civil, mas a proximidade das eleições presidenciais tem feito escalar a violência no país para níveis que começam a ser preocupantes.
Nesse sentido, o Papa afirma que quer «encontrar a comunidade católica e confirmá-la no seu testemunho do Evangelho», da mesma forma como João Paulo II afirmou, há 31 anos, que a igreja moçambicana «não propõe um modelo político, económico ou social, nem sequer uma “terceira via” entre sistemas contrastantes e nenhum deles em condições de corresponder plenamente à dignidade pessoal de homem ou à índole e cultura dum povo», mas «está pronta para responder aos desafios de hoje e para cooperar com todos aqueles que optam pelos caminhos da paz, cujo novo nome é desenvolvimento, não só económico, mas também social, cultural e espiritual. O homem e a sociedade não se contentam com sustentar o corpo; precisam também de alimentar a alma; e isso é muito mais exigente de quanto se possa imaginar, pois supõe a delicadeza do amor e do respeito pelo outro», afirmou na altura S. João Paulo II no discurso que fez perante o presidente de Moçambique.
O Papa termina o vídeo invocando «as bênçãos de Deus e a proteção da nossa Mãe, a Virgem Maria» sobre o povo de Moçambique.
A visita de Francisco a Moçambique terá a duração de um dia e meio, na qual o Papa irá estar não apenas com representantes do Estado, da sociedade civil e da igreja, mas também com membros de outras religiões e com a juventude, com quem tem encontro marcado numa cerimónia inter-religiosa de jovens no Pavilhão Maxaquene, em Maputo. O Papa chega no dia 4 e parte para Madagascar no dia 6 de setembro.